Ato de violência policial mais animalesco de 2017 foi registrado em vídeo esta semana. Homem recebeu choque quando ainda estava com uma criança no colo. Policiais ainda ameaçaram a pessoa que gravou a cena. A “explicação” da PM para o caso é ainda mais impressionante
A atitude de policiais de Santa Catarina diante de uma ocorrência no último 22 de janeiro provocou indignação na internet.
Um vídeo (assista abaixo) registrado sobre o episódio mostra um PM usando uma pistola de choque contra um rapaz que estava com uma criança de aparentemente dois anos de idade no colo.
Segundo a polícia, a viatura foi acionada porque o homem teria levado o filho sem autorização da esposa. No entanto, no vídeo fica claro que os policiais não justificam a abordagem.
Quando voltou para casa para entregar a criança, ainda na versão da polícia, o homem teria se irritado com a presença dos policiais. No vídeo, porém, é possível perceber que o homem não está alterado e se nega a entrar a criança porque ela está assustada.]
Alegando que o rapaz estaria embriagado, o policial lhe deu ordem de prisão. Por fim, o rapaz foi conduzido à delegacia e realizou teste do bafômetro, o qual não constatou que ele havia ingerido álcool.
Nas redes sociais, uma prima do homem publicou um desabafo. “Duvido que alguém ligou. Se a mãe chamou a polícia, porque ela não atendeu a porta quando eles chegaram? Na delegacia, foi feito o teste do bafômetro, que nada constatou. Tudo o que a polícia relatou é mentira. Meu primo é trabalhador e tem ótima índole”.
VÍDEO:
Leia abaixo a íntegra da explicação da PM sobre o caso:
“Circula um vídeo pelas redes sociais que mostra apenas PARTE de toda a ação. Ocorre que, segundo relato dos policiais que atenderam a ocorrência, na tarde de 22 de janeiro de 2017 a guarnição policial militar foi acionada pela Central Regional de Emergência para atender uma ocorrência de violência doméstica e dano, sendo que o ex-marido teria arrombado a porta da residência, com o objetivo de tirar o filho a força da casa da mãe.
No momento em que a guarnição policial chega no local e tenta contato com a solicitante (tocando a campainha onde ninguém atendeu), o ex-marido chega dirigindo o veículo dizendo que queria devolver a criança que tinha pego anteriormente.
O ex-marido se mostrou bastante irritado querendo saber o que a polícia fazia no local e quem que havia chamado, querendo sair com seu veículo a todo instante, oportunidade que logo se constatou o odor etílico sendo exalado pelo ex-marido, além de outros sinais de embriaguez.
Observa-se que os policiais foram PACIENTES, CLAROS e LEGÍTIMOS em suas DETERMINAÇÕES, inclusive quanto à ordem para soltar a criança.
Houve desobediência e resistência por parte do autor (em vários momentos da ocorrência), que infelizmente se utilizava de uma criança (seu próprio filho) como ESCUDO para não acatar as determinações dos policiais e para se livrar das responsabilidades dos atos que até então cometeu.
A preocupação pela segurança e integridade física da criança era constante e o pai continuava a utilizá-la como escudo para não se submeter às ordens legais. Em alguns momentos onde o policial tentava conter o autor e fazer cumprir a LEI, o autor fazia movimentos bruscos e continuava a resistir, apresentando clara conduta de confrontamento.
Em determinado momento em que a posição do autor favoreceu uma ação policial, os policiais agiram para fazer cumprir a LEI e resguardar a INTEGRIDADE FÍSICA de todos os envolvidos, antes que a situação evoluísse ainda mais. Observa-se que a integridade física da criança foi priorizada, vez que foi imediatamente acudida e colocada em local seguro. A força física notória do rapaz, que usava seu próprio filho como escudo, trouxe, ainda mais, complexidade para a ocorrência, exigindo concentração e proporcionalidade na ação dos policiais.
A Polícia Militar é uma instituição séria, confiável, técnica e legalista. Em que pese à princípio não se vislumbrar ilegalidade por parte dos policiais segundo os relatos e imagens, será solicitada a instauração de procedimento investigativo para apuração dos fatos e das responsabilidades, inclusive dos eventuais comentários ofensivos e indecorosos que foram proferidos nas redes sociais de forma injusta e sem conhecimento de causa.”
Para Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, a nota da PM é um deboche não só porque é mal escrita, mas por insistir na invocação de inverdades.
“Em primeiro lugar, quando usam um taser em uma pessoa, se ela estiver abraçada com alguém a segunda pessoa também receberá um choque. Eletrocutaram a criança e ainda dizem que “resguardaram” sua integridade física?”, questiona Eduardo.
“A voz do rapaz mostra que não estava alterado. Não havia um motivo claro que justificasse tamanha violência. Deveriam ter esperado familiares do rapaz que já se dirigiam ao local – no vídeo é possível ouvir o rapaz pedindo para chamar seu pai”, prossegue o blogueiro.
Por fim, Eduardo chama atenção para o trecho final da nota oficial da corporação, que sugere ameaças contra quem criticar e condenar as ações da polícia a partir do vídeo divulgado nas redes sociais.
“Apurar ‘comentários ofensivos’? Vão usar o taser em quem comentou, também? Agora a PM de SC criou crimes de opinião? Eletrocutar crianças não é suficiente?”
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