Ao ignorar a última pesquisa para a Presidência da República, grandes empresas de mídia no Brasil reafirmam o que já praticam faz tempo: jornalismo de guerra. Imagine se a pesquisa fosse dominada por Aécio Neves?
Paulo Nogueira, DCM
Uma vez escrevi que a Folha devia mudar seu slogan. Em vez de um jornal a serviço do Brasil, devia se autodefinir como um jornal a serviço de si mesmo — e dos amigos plutocratas.
Ela não está a serviço nem sequer dos seus leitores.
Considere.
A notícia política mais importante dos últimos dias foi uma pesquisa que mostrava Lula na liderança em todos os cenários.
Alguns meses atrás, a mesma pesquisa dera Lula na frente no primeiro turno. Marina liderava nas intenções de voto para o segundo turno na maior parte das simulações.
Desta vez, Lula sobrou em todos os cenários — no primeiro e no segundo turno.
O leitor da Folha não foi informado disso. Para ser mais exato: foi miseravelmente informado. A Folha deu com um dia de atraso e sem sequer chamada de primeira página.
O serviço essencial que um jornal deve oferecer ao leitor é boa informação. Mas a Folha não está a serviço deles.
Na rodada anterior da mesma pesquisa, no final do ano passado, a Folha deu destaque a ela. Foi assunto de primeira página. Mas puxou a chamada pelo bom desempenho de Marina no segundo turno. E escondeu Lula no rodapé.
Desta vez, como não havia jeito de sumir com Lula, o jornal optou por simplesmente fingir que nada acontecera.
A isso se dá o nome de jornalismo de guerra. É o que a Folha pratica, em seu esforço insano para exterminar a esquerda no país, a começar por Lula e o PT. Não é uma ação isolada: todas as grandes empresas de mídia praticam, e já faz tempo, jornalismo de guerra.
Imagine se a pesquisa fosse dominada por Aécio, e não por Lula. Todas as manchetes girariam em torno disso. O Jornal Nacional daria intermináveis minutos ao tema.
O próprio Aécio, curiosamente, acabou sendo vítima do mau jornalismo das grandes companhias.
Numa entrevista ao jornalista Tales Faria, do site Os Divergentes, ele mostrou que não soubera da pesquisa. Suas fontes de informação não a noticiaram.
O jornalista perguntou-lhe sobre o desempenho de Lula. Aécio respondeu que Lula não é “competitivo” porque fatalmente perderia no segundo turno.
Quer dizer: Aécio desconhecia a pesquisa, uma vez que a grande novidade era, exatamente, Lula na dianteira em todos os cenários no segundo turno.
Parece claro, a esta altura, que Lula só não volta ao Planalto em 2018 se for preso.
Mas quem terá coragem de prendê-lo diante da real possibilidade de uma convulsão social por conta disso?
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