Alexandre de Moraes no STF é um insulto à memória de Teori Zavascki
Colocar um plagiário no STF para substituir Teori Zavascki é um insulto à memória do ministro. Indicação de Alexandre de Moraes intoxica ainda mais o Supremo, com uma dose forte de impostura intelectual e jurídica
por Jânio de Freitas
Os céticos não de todo desinformados jamais esperaríamos de Michel Temer –fraco, titubeante, posudo como os necessitados de aparências enganosas– que surpreendesse, com uma Presidência razoável na eficácia e na dignidade. Agora, é forçoso reconhecer que Michel Temer surpreende. Pelo excesso do que dele se podia esperar.
Indicar Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal esteve dentro do esperável. Manter a indicação depois do que dele revelaram, na Folha, os repórteres Fabio Victor e Thais Bilenky, com o complemento de Diogo Bercito na Espanha, chega ao nível de agressão moral ao STF, se não ao Judiciário.
Nomear para o Supremo o plagiário de um texto judicial espanhol já é, por si só, desmoralizante. Mas só o começo. Com que nível de respeito serão recebidas decisões do mais alto tribunal se incluírem voto de quem se fez e faz passar como seus, em livro, textos alheios?
Na história do Supremo (não a escrita por seu atual decano, Celso de Mello) não faltam integrantes que só o honraram porque protegidos pelo temeroso silêncio de políticos e jornalistas. E ainda pelo corporativismo, sustentado também por verdadeiros honrosos. Na atualidade, princípios do tribunal são desrespeitados a partir de dentro. Não deixam de comprometê-lo e, para grande parte da opinião pública ativa, de desacreditá-lo como instituição.
Apesar disso, e na melhor hipótese, intoxicá-lo mais, com uma dose forte de impostura intelectual e jurídica, é submetê-lo ao risco de um conceito futuro semelhante ao do governo de Michel Temer, Moreira Franco, o próprio Alexandre de Moraes e tantos outros.
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Além do mais, um plagiário para substituir Teori Zavascki é um insulto à memória do ministro que elevou o Supremo.
Os poderosos
Engenheiros, advogados e economistas de empreiteiras são profissionais liberais, não funcionários públicos; empreiteiras são empresas privadas, não componentes do aparelho de Estado.
Ainda assim, procuradores e juiz da Lava Jato têm imposto a vários delatores premiados a proibição de voltar, quando liberados, a seus cargos nas empreiteiras ou ocupar determinados outros. Há até rebaixamentos compulsórios. Empresas privadas podem empregar quem queiram e profissionais liberais aceitam o que quiserem.
Ou há mais um novo poder que os integrantes da Lava Jato se concederam, ou é mais um forma de abuso de poder.
Ódio analfa
Os analfabetos funcionais, que leem e não entendem, são mais numerosos do que dizem as estimativas e as nossas vãs suposições. O Painel do Leitor da segunda (13) publicou carta em que Denis Tavares, da cidade de São Paulo, me ataca por “não querer encarar” erros como “as pedaladas que foram fraude“, “recurso antidemocrático“, e que “Dilma corrompeu a democracia“. O artigo do dia anterior esteve distante de todos esses e outros temas que lhe foram atribuídos.
Não é incomum, em relação a mim e a alguns autores –Mello Franco, Conti, Duvivier–, esse tipo de manifestação. Vem de leitores que nem por sua classe social deixam de ser analfabetos funcionais. Ou estão entre os portadores de ódio patológico. Caso não estejam nas duas situações.
Podem e devem continuar. Em qualquer das suas três possíveis situações, não façam cerimônia. Nós também não faremos.