Espírito Santo é um ensaio do que a dobradinha PMDB-PSDB pode trazer ao Brasil
Até que o caos ficasse impossível de ignorar e explodisse na cara do Brasil, o Espírito Santo, governado pela parceria PMDB-PSDB, era elogiado como um modelo — ao menos pelos suspeitos de sempre. Era o que bradavam alguns economistas e articulistas da grande imprensa
Kiko Nogueira, DCM
Até que o caos ficasse impossível de ignorar e explodisse na cara do país, o Espírito Santo era elogiado como um modelo — ao menos pelos suspeitos de sempre.
Em março, o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, baluarte do pensamento liberal, afirmou que o estado era “uma referência nacional na gestão pública e, em especial, na política de austeridade fiscal”.
“O governador Paulo Hartung assumiu os problemas de frente, foi claro e transparente (…). O Espírito Santo está com as contas em dia. Não foi fácil, mas enfrentou de frente o problema”, falou.
Em outubro, o secretário da Fazenda, Paulo Roberto Ferreira, dissertou para um jornal amigo — como, de resto, toda a mídia local — a respeito do “padrão Espírito Santo de administrar”.
Segundo Ferreira, trata-se de “ter muito respeito ao dinheiro público”. O governador Paulo Hartung, lembrou ele, se orgulhava de manter o equilíbrio “sem colocar no colo do capixaba a culpa da crise”. Tudo “sem aumentar imposto”.
O blábláblá neoliberal era repetido pelo então vice de Hartung, Casar Colnago, do PSDB, que garantiu em setembro que a população teria “acesso a serviços essenciais como saúde, transporte, segurança publica”.
Há apenas dois meses, Samuel Pessôa, articulista da Folha, cravou que o “ajuste do Espírito Santo é exemplo de lição de casa para Estados endividados”. Pessôa se apresenta como “físico com doutorado em economia, ambos pela USP, sócio da consultoria Reliance e pesquisador associado do Ibre-FGV”.
A parceria PMDB – PSDB já funcionava no ES antes de Michel Temer levá-la ao Planalto.
Hartung, que estava licenciado do governo desde a última sexta-feira por causa de uma cirurgia para retirada de um tumor da bexiga, voltou dizendo que não vai pagar o “sequestro” feito pela Polícia Militar.
Nesta quarta, dia 8, Miriam Leitão já corria em seu socorro. Num papo com seu blog, Hartung reitera que não vai ceder à “chantagem” dos policiais e conta que “mesmo com a crise a folha aumentou 11,1%”.
“Segundo ele, a situação vai melhorar um pouco a cada dia”, escreve Miriam. Ah, bom.
Um vídeo sobre a cobertura da Globo da tragédia capixaba está circulando nas redes:
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