Ídolo da extrema-direita nos EUA faz polêmica declaração sobre pedofilia
Considerado um popstar da nova direita nos EUA, Milo Yiannopoulos ganhou notoriedade por sua postura provocadora sobre raça, sexualidade e religião. A mais recente polêmica envolvendo o seu nome gira em torno de estupro e pedofilia e culminou em pedido de demissão
O editor do site ultradireitista Breitbart News Milo Yiannopoulos anunciou nesta terça-feira (21/02) que deixará o cargo após se envolver em uma forte polêmica por declarações relativas à pedofilia.
Yiannopoulos é visto como um dos porta-vozes do movimento alt-right (“direita alternativa”) nos Estados Unidos.
Yiannopoulos trabalhava para o veículo que era comandado até pouco tempo atrás por Steve Bannon, atual estrategista-chefe da Casa Branca e uma das figuras mais próximas ao presidente do país, Donald Trump, desde a campanha eleitoral.
Em um pronunciamento a jornalistas em Nova York, Yiannopoulos anunciou que deixaria o cargo. O editor do Breitbart News disse que essa foi uma decisão tomada por ele próprio e que lançará nos próximos dias seu próprio site.
“O ‘Breitbart’ me permitiu apresentar ideias conservadoras e liberais a comunidades que, de outro modo, nunca as teriam ouvido. Sou grato por essa liberdade e pelas amizades que construí lá”, disse Yiannopoulos.
O agora ex-editor do Breitbart News foi muito criticado após a divulgação de um vídeo em que ele falava sobre um encontro sexual que teve quando era adolescente com um sacerdote católico, sugerindo que relações sexuais entre adultos e crianças eram normais.
Yiannopoulos, britânico de 33 anos, se defendeu pelo Facebook e afirmou que não apoia a pedofilia. Além disso, garantiu que as imagens foram propositalmente editadas dentro de um “esforço coordenado” para desacreditá-lo entre os republicanos.
Hoje, o jornalista revelou que foi estuprado por dois homens quando tinha entre 13 e 16 anos. “Minha experiência como vítima me levou a crer que poderia dizer qualquer coisa sobre o assunto, à margem do escândalo que poderia provocar”, disse.
“Mas entendo que minha habitual mistura de sarcasmo britânico, de provocação e de humor negro poderiam ser confundidos com frivolidade, a falta de cuidado de outras vítimas ou, pior ainda, a defesa [da pedofilia]”, completou o ex-editor.
O pedido de demissão do site pró-Trump ocorreu um dia depois que a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) cancelasse o convite feito a Yiannopoulos para participar do encontro, que começa hoje (23) e se estende até o próximo sábado.
O presidente da União Conservadora Americana (ACU, na sigla em inglês), Matt Schlapp, que organiza a conferência CPAC, disse que cancelou o convite de Yiannopoulos “devido à revelação de um vídeo ofensivo em que aprova a pedofilia”.
“Sabemos que o senhor Yiannopoulos respondeu no Facebook, mas isso é insuficiente. Ele deve responder a perguntas difíceis e o instamos a assumir esses comentários perturbadores”, diz a mensagem de Schlapp.
Conteúdo da gravação
Além de falar sobre a relação sexual que teve com um sacerdote quando ainda era menor de idade, Yiannopoulos diz na gravação que as relações entre “garotos mais jovens” e homens mais velhos poderia ser uma “relação de amadurecimento… na qual esses homens mais velhos ajudam os meninos a descobrir quem são”.
No mesmo vídeo, tenta justificar que não está defendendo a pedofilia. “Pedofilia não é atração sexual por alguém de 13 anos que é sexualmente maduro, é atração por crianças que não atingiram a puberdade”, disse.
Yiannopoulos incitou ódio contra a atriz negra Leslie Jones no Twitter, o que lhe rendeu a expulsão da rede social. Leslie foi alvo de uma série de tuítes racistas e sexistas.
O jovem de extrema-direita se descreve como um “libertário cultural” e um “fundamentalista da liberdade de expressão”, que se opõe à ideia de justiça social e do politicamente correto. Diz-se ainda um lutador contra o feminismo e que a ‘cultura do estupro’ não passa de um ‘mito’.
com informações de EFE e BBC