Michel Temer

Michel Temer censura textos sobre hacker que chantageou Marcela

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A pedido de Michel Temer, Justiça manda tirar do ar reportagens sobre furto de celular e contas de e-mail de Marcela Temer que culminou em tentativa de chantagem. O hacker foi condenado a quase 6 anos de prisão. Caso foi resolvido por Alexandre de Moraes

Folha e O Globo foram alvo de ação judicial movida pelo governo em razão de reportagem sobre chantagem a Marcela Temer

A Justiça determinou que os jornais Folha de S.Paulo e O Globo tirem do ar e parem de veicular textos que tratam do roubo do celular e das contas de e-mail da primeira-dama Marcela Temer. A ação foi movida pelo pelo próprio Palácio do Planalto.

O caso aconteceu no ano passado e foi resolvido pelo ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes — nome indicado ao STF pelo presidente Michel Temer.

O hacker, Silvonei de Jesus Souza, pegou 5 anos e 10 meses de prisão por estelionato e extorsão e cumpre pena em Tremembé (SP).

A liminar que censura os textos sobre o caso foi concedida pelo juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília.

A petição foi assinada pelo advogado Gustavo do Vale Rocha, subchefe para Assuntos Jurídicos do governo.Segundo o juiz, os fundamentos apresentados pela defesa da primeira-dama são “relevantes e amparados em prova idônea”.

O juiz ainda estipulou uma multa no valor de R$ 50.000,00 caso Folha e O Globo não cumpram a decisão judicial.

A Folha de S.Paulo disse que irá recorrer da decisão. O Globo não se manifestou.

Entenda o caso

Em abril de 2016, um hacker mandou uma mensagem para Marcela cobrando R$ 300 mil para não divulgar fotos íntimas e conteúdos privados da primeira-dama e do atual presidente que estavam sob sua posse.

Silvonei de Jesus disse que conseguiu pegar os dados de Marcela após comprar um arquivo de computador no bairro de Santa Ifigênia, no Centro de São Paulo. Ele entrou nos arquivos remotos, copiou todas as senhas, fotos e áudios do celular de Marcela.

“Achei que esse vídeo joga o nome de vosso marido na lama quando você disse que ele tem um marqueteiro que faz a parte baixo nível. Pensei em ganhar algo com isso”, diz a mensagem enviada para Marcela.

Marcela responde: “Quer negociar comigo? Isso é montagem. E aí, vai fazer o quê? Quer me encontrar? ”, disse.

O hacker responde: “Sabe que não é montagem, não tem corte”.

A Folha apurou que o marqueteiro a que o hacker se refere é Arlon Viana, atual assessor do presidente Michel Temer.

A Polícia Civil de São Paulo, que era comandada pelo hoje ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Morais, criou uma força-tarefa para prender o hacker.

Inexplicavelmente, nenhum arquivo furtado do celular da primeira-dama faz parte do processo, que antes estava em segredo de Justiça, mas agora se tornou público.

Um áudio da conversa de Marcela com o irmão desapareceu do processo.

Defesa

O processo contra Silvonei ganhou classificação “prioritária” e foi concluído 6 meses depois.

O advogado do hacker, Valter Bettencort Albuquerque, se disse “chocado” com a decisão de colocar um réu primário em regime fechado por cinco anos. “Por ele ser de baixa periculosidade, deveria ser regime aberto ou semiaberto”, disse Albuquerque.

Silvanei já estava preso desde maio, e a juíza Eliana Cassales Tosi de Mello, da 30ª Vara Criminal, manteve a prisão preventiva.