A curiosa histórica do padre assassinado em 2016 que escreveu uma carta há 22 anos pedindo que o assassino fosse perdoado, não importando "quão hediondo tenha sido o crime ou o quanto eu tenha sofrido"
No ano passado, o padre franciscano Rene Robert foi assassinado nos Estados Unidos, no Estado da Geórgia, onde há pena de morte, por Steven James Murray.
O assassino sequestrou e matou o religioso e foi condenado à pena máxima. As informações são da NBC e da BBC.
O mais intrigante da história é que o padre Rene Robert, como se tivesse previsto a própria morte, escreveu uma carta em 1995 pedindo compaixão para a pessoa que viesse a matá-lo.
“Não importa quão hediondo tenha sido o crime ou o quanto eu possa ter sofrido. Eu peço que a pessoa considerada culpada do meu assassinato não seja submetida à pena de morte em nenhuma circunstância”, diz trecho do documento, que agora está sendo usado por bispos católicos para convencer os promotores a reverter a decisão que condenou Steven Murray.
Carta e perdão
De acordo com a BBC, a carta foi escrita quando o padre tinha 71 anos. Amigos lembram que o padre dedicou a vida a ajudar os mais vulneráveis, como condenados, viciados em drogas e pessoas com problemas mentais.
Uma petição com mais de 7,4 mil assinaturas de pessoas da diocese de Robert foi enviada à Justiça pedindo que a vontade dele seja respeitada.
“Ele tinha consciência que seu ministério poderia ser vítima de violência, mas ainda assim cuidava daquelas pessoas”, disse o arcebispo Wilton Gregory.
“Nós queremos ser a voz dele e fazer com que a sua ‘declaração de vida’ seja levada em consideração neste caso específico”, disse o bispo Gregory Hartmayer.
O bispo Felipe Estevez, da diocese de Saint Augustine, disse que o condenado pelo assassinato certamente merece uma punição, mas, acrescentou, “condenar à morte como consequência de um assassinato só perpetua o ciclo de violência na nossa comunidade”.
Assassinato
Steven James Murray, que já tinha ficha criminal, era uma das muitas figuras amparadas pelo padre Rene Robert. Ele pediu uma carona ao padre em Jacksonville, na Flórida, antes de sequestrá-lo e matá-lo no Estado da Geórgia.
O suspeito foi detido quando dirigia o carro do reverendo no Estado da Carolina do Sul, um dia depois de o padre Robert ser dado como desaparecido.
Sete dias mais tarde, Murray levou os policiais até o local onde estava o corpo.
Ao aparecer no tribunal logo depois da prisão, o suspeito pediu clemência.
“Quem ama o padre Rene vai me perdoar porque ele era um homem de Deus e perdoar é piedade”, disse o suspeito, segundo o noticiário local WALB News, da rede de TV americana ABC.
Tenho problemas mentais e perdi o controle. Peço desculpas”, acrescentou.
“Eu simplesmente surtei e o matei”, disse Murray, ao alegar inocência em uma série de entrevistas com os advogados na prisão.
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