Polícia Civil do Espírito Santo anuncia paralisação
A polícia civil do Espírito Santo também entrou em greve. A decisão pela paralisação ocorreu após assembleia realizada em Vitória. O motivo: o assassinato de um policial em Colatina, interior do estado. Governador falou pela primeira vez
A polícia civil do Espírito Santo anunciou paralisação dos serviços. A decisão ocorreu após assembleia realizada em Vitória. O motivo: o assassinato de um policial em Colatina, interior do estado.
Aos gritos de “Hoje a polícia do ES é uma só”, os agentes aplaudiram a paralisação.
“Nós vamos parar hoje em protesto pela morte do Marcelo e pelo descaso do governo com a Polícia Civil. Temos várias pautas, a reposição salarial e de efetivo, principalmente, mas, hoje, paramos pelo Marcelo”, disse Junior Fialho, diretor do Sindicato dos Investigadores.
Na terça, o policial Mário Marcelo de Albuquerque tentou evitar um roubo de motocicleta e morreu durante troca de tiros. Este é o primeiro policial morto desde que se instalou uma onda de insegurança no Estado, com a paralisação das atividades da Polícia Militar, no último sábado (4).
No fim de semana, a Polícia Civil já havia orientado os policiais, em comunicado, para que não atuassem no patrulhamento que deveria ser feito pela PM e que não colocassem as vidas em risco.
Paulo Hartung fala
Em seu primeiro pronunciamento após o início da crise de segurança no Espírito Santo, o governador licenciado, Paulo Hartung, comparou nesta quarta-feira (8) a paralisação dos policiais militares do Estado a um sequestro.
“O que está acontecendo no Espírito Santo é uma chantagem. É a mesma coisa que sequestrar a liberdade do cidadão capixaba e pagar resgate”, disse o governador, que se licenciou do cargo no último dia 5 para se recuperar de uma cirurgia feita em um hospital paulista. Ele retirou um tumor da bexiga no dia 3, véspera do início da greve.
A fala de Hartung faz referência ao pedido de aumento salarial feito pelos policiais capixabas, de cerca de 43%.
Segundo Hartung, o pagamento do “resgate” não pode ser feito “nem por aspecto ético nem pelo descumprimento da lei de responsabilidade”. Pelas contas do governador, o aumento salarial pedido pelos policiais acarretaria em um gasto de mais R$ 500 milhões por parte do Estado.
“Onde vamos arranjar meio bilhão [de reais]? Fechamos a conta de 2016 com sacrifício. Vamos fazer como os outros Estados? Aumentar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)? Alguém é a favor de aumentar a carga tributária? Peço bom senso, equilíbrio”.
“Quero pedir a esses policiais que respeitem a sua instituição, o cidadão capixaba. Quem está mantendo o salário em dia é o cidadão capixaba, esse é o patrão. Nós somos um governo passageiro, mas a instituição governamental fica. A instituição Polícia Militar fica”.
Os médicos de Hartung recomendam que ele só reassuma o governo na semana que vem. Em meio à crise, além de fazer a cirurgia, o governador também decidiu deixar o PMDB, legenda do presidente Michel Temer. Embora faça críticas pontuais ao governo, Hartung não pretende migrar para a oposição, mas mudar para um partido do grupo político que espera lançar um nome da situação à Presidência em 2018.
Caos no Espírito Santo
Tudo começou no sábado, quando parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.
A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.
A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.
A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.
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