Romero Jucá é recebido aos gritos de “ladrão” e “pilantra” em aeroporto
Após apresentar PEC da impunidade, Jucá é recebido aos gritos de “ladrão” e “pilantra” em aeroporto de sua cidade. Líder do governo Temer no Congresso é autor de proposta que presidentes da Câmara e do Senado de investigações
Edson Sardinha, Congresso em Foco
O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB–RR), foi recebido com xingamentos no aeroporto internacional de Boa Vista (RR). Autor da proposta de emenda à Constituição (PEC 3/2017) que blindava de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) os presidentes da Câmara e do Senado, Jucá foi chamado de “ladrão” e “pilantra” por um manifestante. “Vai pra cadeia”, gritou. O senador chegou a olhar para o interlocutor, mas evitou bater boca e deixou rapidamente o saguão do aeroporto, cercado por assessores. Jucá é um dos principais alvos da Operação Lava Jato no Supremo.
O senador causou polêmica nessa quarta-feira ao apresentar a PEC que impedia os presidentes das duas Casas do Congresso de serem investigados criminalmente por atos ocorridos antes do exercício do atual mandato. Com a repercussão negativa, inclusive entre senadores da base governista, o peemedebista desistiu ainda ontem à noite da proposição. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), foi pessoalmente até o gabinete de Jucá para fazer o pedido de retirada da proposta. Ele alegou, de acordo com o jornal, que poderia ser acusado de legislar em causa própria se desse andamento à proposta. A PEC sofreu imediatamente críticas das oposições e até mesmo de lideranças ligadas ao governo Michel Temer. O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), emitiu nota para dizer que o fato de membros do partido terem assinado a proposta de Jucá não significava que eles iriam apoiá-la.
A proposta protegia os chefes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal das ações da Procuradoria-Geral da República e do STF enquanto o investigado estivesse no comando do Executivo, em caso de impedimento de todos os outros na linha sucessória da Presidência da República. O conteúdo é similar ao dispositivo constitucional que já blinda o presidente da República de investigação por atos praticados fora do mandato.
Veja o vídeo em que o senador é hostilizado:
Na mira da Lava Jato
O senador é alvo de oito investigações no Supremo Tribunal Federal. No Inquérito 3989, da Lava Jato, Romero Jucá responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva. Também é investigado nos inquéritos 3297, 2116, 2963 por crimes eleitorais, de responsabilidade e contra a ordem tributária, apropriação indébita previdenciária e falsidade ideológica.
Apenas em 2016, mais quatro inquéritos (4211, 4267, 4326 e 4347) foram instaurados na Corte contra o senador. Em ampla maioria, as investigações são por crimes de corrupção passiva e ativa, ocultação de bens e formação de quadrilha.
Um dos procedimentos diz respeito à origem e ao destino de R$ 100 mil jogados para fora de um carro por um de seus auxiliares momentos antes de ser abordado pela polícia. O ato ocorreu durante a campanha eleitoral de 2010. O assessor disse que o dinheiro seria usado na campanha de Jucá.
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