Ciro Gomes diz que Sergio Moro já estaria preso se fosse juiz nos EUA
Além de críticas aos exibicionismos e às fraudes de Sergio Moro, Ciro Gomes atacou Michel Temer e explicou por que não tem interesse de ser candidato em 2018 se Lula estiver na disputa
Em recente entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o ex-ministro Ciro Gomes criticou o juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato na Justiça Federal.
“O exibicionismo midiático, ir ao Facebook agradecer o apoio de todos, as gravatinhas borboletas em todo tipo de solenidade, a confraternização descuidada com possíveis réus, a fraude com a gravação da presidente (divulgação do grampo de ligação entre Dilma e Lula) – o que nos EUA é considerado traição e gera até pena de morte, só para ter a relativização dessa leviandade”, disse Ciro.
“Isso tudo semeia a semente de matar essa coisa importante que seria a Lava Jato, que ainda pode ser o momento de virada na impunidade. Mandar prender um blogueiro, tem uma coisa patológica nisso. Não falo com prazer, falo com dor. Operação Satiagraha? Anulada inteira. Daniel Dantas, culpado de tudo? Tá com atestado de inocente”, completou o ex-ministro.
Ainda semana, em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Ciro Criticou a ação arbitrária de Moro contra o blogueiro Eduardo Guimarães: “Esse Moro resolveu prender um blogueiro. Ele que mande me prender. Eu recebo a turma dele na bala, se eu não tiver cometido nada errado”.
Pré-candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT-CE) disse que “torce” para que o ex-presidente Lula, de quem foi ministro, não se candidate ao Palácio do Planalto em 2018. Para o pedetista, a eventual tentativa do petista de retornar à Presidência seria um “desserviço” ao país.
Ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e da Integração Nacional no governo Lula, o ex-governador cearense descarta ser candidato a vice de quem quer que seja.
O ex-ministro também criticou o presidente Michel Temer. “Ele, para além de ser essa coisa constrangedora de chefe de quadrilha, sendo um velho e notório malversador de dinheiros públicos, virou chefe de um governo de patetas”, afirma em relação ao peemedebista.
Confira abaixo outros trechos da entrevista.
Sobre preferir Bolsonaro à João Doria:
Prefiro um cara tosco e franco a um farsante. Conheço [Doria] de longuíssima data. O antipolítico, o empresário… Tem dois probleminhas básicos [nessa imagem]. Doria foi chefe da Embratur no governo Sarney. Saiu debaixo de muitas irregularidades no Tribunal de Contas da União e foi violentamente criticado por uma propaganda do turismo brasileiro com bundas de mulher na praia, estimulando claramente o turismo sexual. A segunda coisa: Doria reforçou muito a grande fortuna dele, do liberal, com dinheiro público dos governos do PSDB de Minas e SP, por exemplo.
Marina Silva:
Marina é uma boa pessoa. Mas não tem visão administrativa. Hostiliza, no simbólico, o agronegócio, a mineração. Evidentemente nada autoriza nenhum deles a nenhum tipo de abuso. Mas o descuido da Marina com a vida real faz com que ela apresente, como sua única proposta que conheço concreta, uma aberração, que é a independência do Banco Central.
O sr. é próximo de algum investigado na Lava Jato?
Sempre fui muito amigo do Aécio [Neves]. É constrangedor. Do Ciro Nogueira [presidente do PP]. Quem mais? O Léo Pinheiro [ex-presidente da OAS]. O que pega é catapora.
Candidatura de Lula:
Temos longa história de parcerias e diferenças. Votei nele em 1989 [no segundo turno], 2002 e 2006. Na Dilma em 2010 e 2014. Entretanto, acho que nesse momento a candidatura do Lula desserve a ele e ao país. Na melhor das hipóteses, ganha e projeta essa confrontação odienta que está rachando o país. Mas a probabilidade de polarizar e perder é muito alta.
Não tenho a menor vontade de ser candidato se o Lula for. Menos em homenagem a ele e mais porque a tendência é ele polarizar o processo. E eu ficar falando de modelo econômico… Vou ter um papel nobre, vou lá para meus 12%, 15% no mínimo, mas daí dizer para o povo que acredito que vou ser presidente… Não consigo mentir desse jeito.