Economia

Um Governo sem expectativa

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Wallison Ulisses Silva dos Santos*, Pragmatismo Político

O Boletim Focus divulgado nesta segunda (13) reduziu a expectativa de crescimento da economia para 2017 de 0,49% para 0,48. A piora das previsões para a economia de 2017 e 2018 tornou-se um fato quase certo das segundas-feiras, mostrando a desconfiança do mercado em relação ao Governo Temer.

A PEC 55/241 que congelou os gastos públicos por 20 anos foi aprovada, assim como a “reforma” do ensino médio. Todos os fatos levam a crer que a reforma da previdência e até mesmo a trabalhista serão aprovadas, ou seja, as reformas de natureza neoclássica do governo estão em pleno andamento, todavia os resultados e até mesmo as expectativas econômicas continuam ladeira a baixo. O FMI que tem como propensão defender medidas de austeridades fiscais divulgou uma estimativa de crescimento de apenas 0,2% para o Brasil em 2017, confirmando a desconfiança com as políticas econômicas do atual governo.

Temer assumiu o governo no mês de maio de 2016, sendo que no início deste mês a expectativa de crescimento para 2017 era de 0,50%, que de fato já não era um cenário que mostrava otimismo do mercado, todavia a tendência que se formou deste mês em diante quando Temer passou a comandar a política econômica mostrou-se preocupante, pois indicava que o mercado não melhorou a sua expectativa como acreditavam os defensores do impeachment.

O gráfico abaixo mostra a tendência de estagnação da expectativa do crescimento da economia para o ano de 2017 segundo os dados do Boletim Focus:

Os dados do Boletim focus mostram que a partir de maio quando Temer assumiu provisoriamente o mercado passou a ter mais otimismo em relação à economia para o ano de 2017, esse primeiro período vai de maio a setembro de 2016. Em agosto Michel Temer assumiu definitivamente a presidência, todavia a onda de otimismo só durou até o mês de setembro quando as expectativas começaram a piorar e as previsões para o crescimento começaram a reduzir.

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A maior parte dos economistas, assim como a maior parte da população, acreditavam em um milagre econômico instantâneo após o impeachment, todavia a realidade bateu a porta e mostrou a farsa do discurso econômico que foi usado durante o afastamento da Presidente Dilma. É bem provável que o FMI acerte o crescimento do PIB do Brasil para 2017, tendo este um resultado entre 0 e 0,2%. As delações da Odebrecht e possíveis manifestações populares contra o governo, podem ainda aumentar a instabilidade política e piorar o resultado da economia. As reformas da previdência e do trabalho também irão agravar a crise econômica, caso aprovadas, irão agravar o desemprego, concentração de renda, criminalidade e diminuir o consumo.

Caso estas reformas não sejam aprovadas o mercado interpretará isto como um sinal de fragilidade política do governo o que gerará mais desconfiança e menos investimentos. Em resumo as medidas propostas pelo governo atual são tão ruins que aprovadas ou reprovadas conseguirão afetar negativamente a economia.

*Wallison Ulisses Silva dos Santos é graduado e mestre em economia pela UFMT, especializando-se em Gestão Estratégica de Pessoas pela Estácio Cuiabá, professor da Estácio Cuiabá e da Anhanguera e colabora para Pragmatismo Político

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