Educação

Haverão melhorias na educação?

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Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político

Causou rebuliço nas redes sociais a declaração do Ministro da Educação de que “haverão mudanças no ENEM”. O burburinho foi menos em decorrência das alterações porvir do que por causa do deslize gramatical da Sua Excelência. O verbo haver no sentido de existir não é flexionado. O Ministro que cometeu a dita gafe é o mesmo que recebeu o ator pornô Alexandre Frota pra uma audiência em que ouviu, do artista bem-dotado de talento, ideias e sugestões pro currículo e pras práticas pedagógicas.

A mim não preocupa o erro vernacular de quem quer que seja. Mesmo uma autoridade ligada à Educação. Os maldosos comentários são equivocados por pelo menos dois motivos. Primeiro porque se tratam dum escancarado preconceito linguístico. Segundo porque todos cometemos erros na fala ou mesmo na escrita (espero que este texto tenha passado por revisão gramatical antes da sua publicação). É-nos impossível falar “corretamente” o tempo todo. E mesmo que isso fosse viável, tornar-nos-íamos pedantes como essa mesóclise que acabo de utilizar.

Também é preconceituoso o discurso de que o Alexandre Frota não poderia ser ouvido porque é ator pornô. A Educação é plural e todos têm direito a contribuições. O problema é que esse Ministério – a julgar pelas mudanças no Ensino Médio, por exemplo, feitas às pressas e sem ouvir especialistas e educadores – parece não querer dialogar com as personagens mais importantes da pasta: professores e alunos.

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Já em Porto Alegre, o novato prefeito Nelson Marchezan Junior também propôs mudanças na distribuição da carga horária da Educação Municipal à revelia do que foi histórica e dialogicamente construído com a comunidade escolar daquela cidade que já foi tida como uma das mais politizadas do País. Segundo os professores, que não foram previamente consultados, as alterações são um retrocesso.

As melhorias na Educação brasileira são possíveis de “haver”. Mas, pra isso, temos que quebrar um dos nossos principais preconceitos, a pré-conceituação de que a opinião do outro, já que não se compactua com a nossa, não é válida. E, em se tratando de Educação, professores e alunos devem ser ouvidos sempre e sobretudo.

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*Delmar Bertuol é escritor, professor de história, membro da Academia Montenegrina de Letras e colaborou para Pragmatismo Político

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