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Leandro Karnal apaga post com Sergio Moro após perder seguidores

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O professor Leandro Karnal decepcionou muita gente após postar imagem em que aparece jantando ao lado do juiz Sergio Moro. Após receber enxurrada de críticas e de perder seguidores, Karnal deletou a publicação. Neste domingo, o historiador se manifestou pela primeira vez sobre a polêmica

O professor e historiador Leandro Karnal recebeu uma série de críticas dos seus seguidores desde a noite da última sexta-feira (10), quando publicou em suas redes sociais uma foto ao lado do juiz federal da primeira instância Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato.

“Dia intenso em Curitiba. Encerro com um jantar com dois bons amigos: juiz Furlan e juiz Sérgio Moro . Talvez não faça sentido para alguns. O mundo não é linear. A noite e os vinhos foram ótimos. Amo ouvir gente inteligente. Discutimos possibilidades de projetos em comum”, escreveu Karnal, na legenda da imagem.

A publicação desencadeou muitos comentários indignados.

“Lamento muito, professor. Isto não faz sentido. Parece um pesadelo”, comentou um seguidor.

“Como um sociólogo não percebe um fascista? Sabe sim, e se elogiou foi por empatia. Perdeu meu respeito”, escreveu outra.

“Leandro Karnal com Sérgio Moro é como o Sensacionalista com a Veja. Podem continuar falando a mesma coisa, mas perderam a essência e, portanto, o sentido que lhes dava valor. Dentro do contexto que eram, não existem mais”, observou o jornalista Leandro Fortes.

“Dizer que “o mundo não é linear” é uma boa justificativa pra pagar de isentão. A isenção tem limite. Um dia a casa cai. Saudades da época que os intelectuais tinham alguns ideais próprios”, publicou um dos seguidores no Facebook.

“Quando você não tiver mais argumentos diga: ‘o mundo não é linear'”, ironizou outro usuário.

Perda de seguidores e esclarecimentos

Desde que publicou a foto do jantar com Moro, além das críticas, Karnal passou a perder muitos seguidores. O historiador decidiu, então, deletar a imagem, e, horas depois, tentou esclarecer as circunstâncias que o levaram a jantar com juiz da Lava Jato.

Através do Facebook, o professor se manifestou neste domingo (12) sobre o jantar com Moro pela primeira vez. Leia a íntegra do que ele escreveu:

Para amigos e interessados

Acho que bons amigos e seguidores pedem com tranquilidade que eu aprofunde temas sobre o jantar que eletrizou o país. As pessoas que me odeiam não precisam, mas as que gostam merecem. Por elas, vamos a eles:

– Sou amigo do juiz Furlan há algum tempo. Temos chance de encontros por este país e ele, muito culto, autor de muitos livros e também autor de coluna para grande público no jornal Metro e Gazeta do Povo, ensina-me muito. Ele é próximo ao juiz Moro e sugeriu um encontro entre nós quando eu estivesse em Curitiba. Encontrei-me com o juiz Moro pela primeira vez na sexta à noite (10 de março) para jantar.

– Tenho imensa curiosidade em conversar com pessoas que fazem parte da história. Como eu disse na página, adoraria ter um jantar com Ciro Gomes, com Maria da Penha, com Maria do Rosário, com Lula e com outras pessoas. Todos me ensinariam bastante sobre sua visão de mundo, o que faria eu pensar muito. Realmente gostaria disto.

– O plano em comum que tenho com o juiz Moro é o fato de que ambos daremos uma palestra na pós graduação da PUC com muitos outros nomes do cenário nacional. Isso estava acertado há meses. Fui vago demais em campo minado.

– Para os que me seguem e gostam, enfatizo que continuo o mesmo, como continuaria pós um encontro com a presidente Dilma (a quem eu tb gostaria de encontrar). Meu interesse pelo mundo é maior do que qualquer outra questão. Continuo um crítico do racismo, da misoginia, da homofobia, um professor interessado de forma apaixonada na educação.

– Claro que todas as pessoas são livres para curtir ou descurtir a página de forma inteiramente livre. Faz parte da opção de cada um. Eu, tal como vocês, sou/somos livres para encontrar quem desejamos e para estar nas páginas que desejamos. Recebi muitas críticas pela foto e muitos apoios, ambos polarizados. Continuo estranhando polarização mesmo, pois acho mais fígado do que cérebro. A política em si me interessa pouco, a partidária menos ainda e volto a insistir no que digo há anos: a corrupção brasileira é um mal generalizado.

– Lamento a polarização no Brasil e lamento o clima que, por poucas explicações minhas, causei. Tomarei mais cuidado e desculpo-me por isto. Quando eu tiver encontros com outras autoridades e pessoas de referência, prometo, guardarei para mim e pra meu debate interno. O momento brasileiro é estranho e há uma vontade nacional de crucificar.

– Todos agora são livres para continuarem gostando de mim ou me odiando. Não há problema nisto. Não voltarei a este tema. Por perceber que errei, deletei o post com a foto feito após algum vinho. Se beber não poste. Sigam livres suas convicções, sem problema algum.

– Sinto-me como Ícaro que mistura vaidade e vontade de conhecer. Isso leva a me queimar por vezes. Quase sempre quero ver as coisas de perto. Já estou em idade para seguir Dédalo. Continuarei como sempre escrevendo, lendo, dando aulas, palestras, vendo exposições e comentando tudo que me encanta neste mundo: arte, literatura, ensino. A quem me perguntar com clareza e desarmado minhas opiniões políticas, eu as darei com a serenidade costumeira, longe da internet onde ninguém mais escuta ninguém neste campo. Como tenho afirmado, o mundo é mais amplo do que qualquer dualismo. Entre concordâncias e discordâncias é possível conversar com pessoas de um amplo espectro político, jurídico e cultural.

– Por fim: eu paguei o vinho. Bom fim de domingo

Leandro Karnal