Um em cada três ministros de Temer estão na lista de Janot
Um terço dos ministros de Temer na “lista de Janot”. Pelo menos nove dos 28 titulares aparecem nos pedidos de abertura de inquéritos enviados pela PGR ao STF.
Pelo menos um em cada três integrantes do primeiro escalão do governo do presidente Michel Temer está na mira da Operação Lava Jato. Dos 28 ministros, ao menos nove estão na lista de pedido de abertura de inquérito encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. As informações são do jornal O Globo.
Os pedidos ainda aguardam autorização do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, e estão sob segredo de Justiça. Entre os futuros investigados está o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, conforme já havia antecipado o Valor Econômico. Ele nega qualquer relação com a Odebrecht.
Segundo O Globo, na lista enviada pelo procurador estão também os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia) e Marcos Pereira (Desenvolvimento). Conforme informações do jornal, outros dois titulares de pastas também figuram os pedidos, mas os nomes ainda não foram revelados.
Além dos nomes já divulgados e que figuram a lista de Janot, também foram citados por delatores os ministros Leonardo Picciani (Esportes), Mendonça Filho (Educação), Raul Jungmann (Defesa), Ricardo Barros (Saúde) e Roberto Freire (Cultura). Atualmente, ao menos cinco ministros de Temer já respondem a acusações criminais no Supremo Tribunal Federal (STF).
Lista de Janot
Todos os envolvidos foram citados por executivos e ex-executivos da Obebrecht nos 77 acordos de delação firmados com o Ministério Público. A previsão é a de que Fachin possa levantar o sigilo dos casos até a próxima semana.
Prevendo o tamanho do estrago com as delações, Temer já anunciou que só afastará, provisoriamente, seus ministros caso eles sejam denunciados. Se a denúncia for aceita, o que torna o investigado em réu, aí sim ocorrerá o afastamento definitivo. Ele já adiantou que não demitirá qualquer auxiliar por responder a inquérito (investigação preliminar que pode resultar na abertura de ação penal, ou seja, processo).
Conforme informações do O Globo, o ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo disse em depoimento aos procuradores que o atual ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, “fez pedidos de dinheiro em reuniões na Secretaria de Aviação Civil, cargo que o peemedebista ocupou no governo Dilma Rousseff”. Na ocasião, Melo afirma ter transmitido o pedido ao seu “superior hierárquico Benedicto Junior, o segundo homem mais importante na Odebrecht, naquele período”.
Amigo do presidente, Moreira Franco foi alçado da secretaria-executiva do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) para a Secretaria-Geral da Presidência, em meio ao acirramento das denúncias contra ele na Lava Jato. Entre outras coisas, o ministro é acusado de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht. A promoção foi interpretada pela oposição como parte da estratégia do presidente para blindar o colega de partido. Após uma disputa judicial, o ministro Celso de Mello, do Supremo, concedeu liminar favorável à posse do peemedebista.