Médico cardiologista e professor universitário é indiciado por injúria racial e preso em flagrante após chamar porteiro de "preto vagabundo e safado"
Um professor de medicina de 63 anos da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) foi preso em flagrante na última semana no prédio onde mora, no bairro Jardim Mariana, em Cuiabá.
Herbert Monteiro da Silva, que também é médico cardiologista, xingou o porteiro do edifício de “preto safado e vagabundo”. Sem o controle para abrir o portão da garagem, ele se irritou porque o funcionário teria demorado a auxiliá-lo a abrir o portão manualmente.
O síndico do prédio foi acionado depois que vários moradores do condomínio presenciaram as agressões racistas e se posicionaram em defesa do porteiro.
De acordo com o relato do síndico, que é advogado, tudo ocorreu porque Herbet se recusou a obedecer a uma norma do condomínio em que cada morador é obrigado a utilizar o controle do portão da garagem.
“A norma do condomínio é que todos tenham seu controle para desobrigar que o porteiro deixe a guarita para abrir o portão da garagem, isso foi votado em assembleia”, explicou Wagner Ferretti.
A polícia foi chamada logo depois pelo síndico e o médico resistiu a ser conduzido para a delegacia. Por conta da recusa em abrir o seu apartamento, a PM arrombou a porta e entrou no local.
Ao ser preso em flagrante, o professor foi acompanhado de sua advogada e pagou fiança de R$ 5 mil para sair da cadeia. Ele vai responder o caso em liberdade.
Defesa protesta
Sueli Silveira, advogada do médico, diz que seu cliente foi vítima de abuso de autoridade.
“A polícia cometeu uma atrocidade sem precedentes. Meu cliente me ligou e disse que havia tido uma discussão e que a PM estava lá. Disse para ele não abrir a porta e esperar eu chegar. Mas, quando cheguei a porta estava arrombada. Não existe na norma jurídica a polícia entrar na casa de alguém sem mandado e sem ordem judicial”, criticou Sueli Silveira.
Para a advogada, o flagrante em questão foi forjado, já que quando ela chegou ao prédio já havia profissionais da imprensa no local.
Em entrevistas para a mídia local, o médico disse que não houve racismo, mas “apenas uma discussão mais acalorada”.