Oficial tentou sequestrar apartamento vizinho ao de Lula durante luto por Marisa
Enquanto Lula chorava a morte de dona Marisa Letícia, oficial de Justiça tentou cumprir a ordem de Sergio Moro de sequestrar o apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo do Campo
Um apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo (SP), foi sequestrado no dia 10 de fevereiro a mando do juiz Sergio Moro, responsável pela ação penal em que o ex-presidente é acusado de receber vantagens indevidas da Odebrecht por meio deste imóvel e de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula.
Segundo reportagem do Estadão, a ordem de sequestro foi assinada por Moro em 19 de dezembro de 2016, no mesmo dia em que Lula virou réu pela segunda vez nas mãos do juiz de Curitiba – e quinta vez, se somadas as ações que correm em Brasília (uma da Lava Jato por obstrução de Justiça, e duas das operações Janus e Zelotes, por tráfico de influência e venda de medida provisória).
Apesar de o sequestro ter sido determinado em dezembro, a oficial de Justiça Edilamar Fernandes Dornas, de São Bernardo do Campo, só tentou cumprir o pedido no dia 6 de fevereiro, três dias após a ex-primeira-dama Marisa Letícia ter morte cerebral decretada pela equipe médica do hospital Sírio Libanês que a atendia desde um AVC (acidente vascular cerebral), que ocorreu no final de janeiro.
Segundo relatos do Estadão, a oficial de Justiça procurou um segurança de Lula no dia 6, e foi informada que o ex-presidente estava de luto e, por isso, não atenderia. No mesmo dia, o advogado de Lula, Roberto Teixeira, entrou em contato com Edilamar e informou que o imóvel alvo de sequestro era ocupado por Lula, mediante contrato de locação assinado em fevereiro de 2011, em nome de Marisa Letícia.
Para a Lava Jato, Lula ocupa o apartamento que, no papel, pertence a Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, porque está sendo beneficiado por pagamento de propina da Odebrecht. Segundo o Ministério Público Federal, o esquema envolvendo a Petrobras movimentou ao menos R$ 75 milhões em oito contratos com a Odebrecht. Em troca, além de ajuda com o apartamento vizinho que custa cerca de R$ 500 mil, Lula teria tido a sua disposição um terreno de R$ 12,5 milhões para o Instituto Lula.
A defesa do ex-presidente diz que Lula e Marisa Letícia “jamais foram beneficiados por qualquer dos dois imóveis indicados na denúncia e muito menos receberam qualquer vantagem indevida proveniente de contratos firmados pela Petrobras. E o advogado Roberto Teixeira agiu sempre dentro do estrito dever profissional e com a observância de todos os deveres éticos inerentes à profissão.” Teixeira foi denunciado na mesma ação por ter intermediado o contrato de locação do apartamento.
Ainda de acordo com a defesa, Lula paga aluguel e esta é uma questão privada, nada tendo a ver com as investigações da Lava Jato. Além disso, ele não aceitou a oferta do terreno e o Instituto Lula foi erguido em outro prédio.
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