#MeuProfessorRacista viraliza denúncias de discriminação em escolas e universidades. Campanha começou após caso de racismo na USP envolvendo professora. Confira os relatos mais escandalosos
Nesta semana, a campanha #MeuProfessorRacista tomou conta das redes sociais.
Tudo começou no último dia 3, quando uma professora da Universidade de São Paulo (USP) fez chacota sobre o racismo presente nas obras de Monteiro Lobato e também em marchinhas de carnaval.
A partir deste caso, estudantes utilizara a hashtag acompanhada de depoimentos que revelam a descriminação racial nas escolas e universidades de todo o país e que marcaram estudantes negros desde a infância.
Confrontada, a professora respondeu aos gritos para abafar a discussão.
Duas ativistas do movimento negro entraram em sala de aula trazendo passagens de Lobato que confirmavam o teor racista e alertando para a necessidade de se debater a questão, quando foram retirados a força pelos seguranças, por solicitação da professora.
Denúncias
Os casos de racismo em sala de aula vão desde episódios ocorridos no jardim da infância até o ensino superior.
“Essa campanha me fez lembrar de quando eu tirei uma nota ‘boa’ em uma prova, e meu professor me fez refazer a prova ao lado dele, porque disse que não era possível eu ter tirado aquela nota, que eu havia colado”, escreve uma internauta.
“[Meu professor racista] falou que uma amiga de classe estava sujando a parede por ser mais escura dos que os demais da sala”, afirma outro.
Segundo o coletivo Ocupação Preta, acompanhar os relatos dos estudantes sobre discriminação racial foi, ao mesmo tempo, triste e inspirador. “O racismo nas salas de aula existem e nós alunas e alunos negros estamos sendo prejudicadas por isso em um contexto histórico. Porém é importante e inspirador ver negros e negras de diferentes lugares denunciando o racismo”.
Para a advogada Rosângela Martins, a repercussão da campanha #MeuProfessorRacista foi grande porque o racismo em sala de aula é muito comum. Piadas relacionadas ao cabelo crespo, associações da cor da pele à falta de higiene, e referências à escravidão, entre outros, acabam traumatizando as crianças.
A pesquisadora Maitê Freitas, que sofreu racismo na escola quando criança, espera que os depoimentos cheguem aos professores e que estes reconheçam e reflitam sobre suas posturas e práticas racistas.
“Queria que algum professor racista dissesse assim: ‘Eu fui um professor racista quando falei isso e isso para um aluno’. Se essa hashtag conseguir ecoar a ponto de esses professores se verem nesses depoimentos, e se repensarem, aí a gente está caminhando realmente para uma campanha de transformação.”
Confira abaixo alguns depoimentos de estudantes:
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