Cantora assediada e xingada por taxista divulga relato
"Os dois homens que estavam no ponto de ônibus não me ajudaram, ficaram rindo de mim. Voltei chorando muito pra casa, e, não sei porquê, mas veio sentimento de culpa, tipo [...]". Cantora atacada por taxista quando chegava em casa publica depoimento
A cantora Joyce Fernandes, conhecida como Preta Rara, foi assediada e atacada por um taxista na madrugada desta quarta-feira (26). As agressões aconteceram próximo de sua residência, em Santos.
A cantora conta que os ataques ocorreram por volta de 1h30, após ela parar em uma lanchonete. Um motorista de táxi começou a buzinar e iniciou o assédio.
As agressões teriam ocorrido pelas roupas que ela estava usando. Segundo Preta Rara, após ela reagir aos ataques, dois homens que estavam em um ponto de ônibus próximo não tomaram nenhuma atitude e ainda ficaram rindo de sua situação.
Indignada, Joyce usou uma rede social para se manifestar e relatar o acontecido:
“Ontem tive show em SP, resolvi não ficar por lá pq tenho trampo hj em Santos.
Cheguei na província(Santos/SP) as 1:30 da madruga morta de fome mesmo com medo da insegurança parei em uma lanchonete pra comer algo.
Na hora de ir embora eu estava a duas quadras de casa, vestida de cropped rosa e saia preta com uma fenda maravilhosa.
Foi aí que começou meu terror, um taxista ficou buzinando e falando pra eu entrar no carro dele que a corrida sairia de graça. Eu fico muito nervosa com esse tipo de abordagem e já comecei a xingar ele.
O babaca saiu do carro e começou a me xingar dizendo: Você é gorda, ninguém te quer e ainda fica se sentindo a gostosa com esse cabelo ridículo.
Aí eu não me segurei, fui pra cima dele dei um soco, cuspi, chutei e tentei me defender como eu podia. Os dois machos que estavam no ponto de ônibus não me ajudaram, ficaram rindo de mim.
Meu lanche e suco caiu no chão o babaca saiu vazado e eu voltei chorando muito pra casa e não sei pq mas, veio a p*** do sentimento de culpa tipo: Pq eu não coloquei uma calça, de saia curta a essa hora da madrugada, né Joyce.
Mas, hj acabei de acordar livre da m*** da culpa, pq ser mulher em um país machista que cultua a cultura do estupro é esperar que isso aconteça sempre, independente dá roupa que a mulher esteja usando.
Existo e Resisto
#PretaRara”
#EuEmpregadaDoméstica
Preta-Rara, que também é professora, foi a responsável por criar a campanha #EuEmpregadaDoméstica, que tinha como objetivo encorajar as mulheres que trabalham como domésticas a contar relatos de situações humilhantes que passaram em seus serviços.
Preta Rara explicou que a motivação para a campanha, que viralizou no ano passado, foi uma lembrança que surgiu da época em que trabalhou como empregada doméstica (mesma profissão de sua mãe e de sua avó).
“Como empregada doméstica eu tive mais tristeza que alegria. Foram poucos momentos alegres, poucos momentos humanizados. Por mais que as patroas dissessem que eu era parte família, nunca era”, afirmou.