Polícia Militar

Manifestante que levou tiro da PM morre após lutar pela vida durante 25 dias

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Manifestante vítima de um dos episódios mais covardes de 2017 não resiste e morre depois de 25 dias lutando pela vida. O jovem de 19 anos participava de um protesto contra a violência e foi alvejado justamente por quem deveria lhe garantir segurança. Multidão acompanhou enterro. Advogado está sofrendo ameaças para deixar o caso

O Hospital Miguel Arraes, em Pernambuco, informou na última semana que Edvaldo da Silva Alves, de 19 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu.

O jovem foi baleado à queima roupa por um Policial Militar durante uma manifestação contra a violência no município pernambucano de Itambé. Relembre o caso aqui.

De acordo com o boletim médico, a equipe médica atestava que Edvaldo, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o dia 17 de março, apresentava uma melhora lenta, mas progressiva no quadro respiratório, e a cada dia precisava menos do suporte mecânico de respiração.

No entanto, Edvaldo vinha apresentando febre, o que representava ainda um quadro não resolvido de infecção e por isso continuava utilizando antibióticos. O jovem piorou e não resistiu.

Por meio de nota, o Governo de Pernambuco lamentou a morte. “O governo lamenta profundamente o falecimento de Edvaldo da Silva Alves. O governo reafirma o seu firme compromisso de desautorizar e impedir qualquer abuso de força por parte das polícias do estado. A apuração do ocorrido está em andamento, estando os policiais envolvidos no caso sendo devidamente investigados”.

Em solenidade, o governador Paulo Câmara falou sobre a morte do jovem. “Já determinei que a Procuradoria Geral do Estado busque meios jurídicos para o mínimo de reparação junto à família desse jovem. Ao mesmo tempo, já cobrei no âmbito da Polícia Militar que a apuração desse episódio seja concluída, para que a gente possa saber o que realmente aconteceu e punir as falhas que ocorreram essa questão”, disse Câmara.

Enterro e ameaças

Uma multidão marcou presença no velório e no enterro de Edvaldo. Entre os presentes, amigos e parentes do jovem, além de moradores do local que se sensibilizaram com o ocorrido. “Ele era uma pessoa muito especial. Estava lutando por mais segurança aqui em Itambé. E essa luta custou uma vida”, disse Laura Vitória, 17, amiga de Edvaldo Alves.

O advogado da família, Ronaldo Jordão, esteve presente no enterro e contou que foi ameaçado no último dia 31 e que tem sido pressionado a deixar o caso.

“Recebi uma ligação de um colega advogado dizendo que era melhor que eu me afastasse sob pena de ser morto. Já ontem, fiquei sabendo que dois defensores públicos foram pré-designados para atuar no caso. Mas a família já tem defesa. Edvaldo e sua família precisam ser respeitados”, declarou.

Inquérito

A Polícia Civil de Pernambuco pediu nesta quarta-feira (19) prorrogação do prazo para concluir o inquérito sobre o homicídio de Edvaldo Alves.

De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, a extensão do prazo é necessária para aguardar o resultado da perícia tanatoscópica, determinante na causa da morte. Esse laudo precisa ser anexado ao inquérito criminal para que o mesmo seja concluído.

Por meio de nota, a Polícia Civil informa que, apesar de o prazo legal permitir mais 30 dias para a conclusão, o inquérito seguirá para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ainda este mês.

A corporação informou que todas as testemunhas já foram ouvidas.

Entenda o caso

No dia 17 de março, Edvaldo participava de um protesto contra a insegurança em Itambé, na rodovia PE-75, quando foi alvejado por um disparo efetuado após um PM fazer menção a quem levaria um tiro primeiro.

Alvejado, sangrando, acabou sendo arrastado por PMs, sendo agredido e jogado na caçamba de uma viatura e depois socorrido para o Hospital Miguel Arraes.

As cenas foram gravadas num vídeo [ver abaixo] e disponibilizados pela Internet, com um áudio em que moradores do município gritavam contra a ação da PM num protesto pelo qual clamavam por policiamento e segurança contra assaltantes.

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