Menina brasileira de 15 anos só está viva porque a mãe conseguiu impedir o fim trágico. A jovem, que se dizia desacreditada de tudo, conta como se entregou ao que viu ser uma falsa esperança: O Jogo Baleia Azul
A Polícia Civil do Rio de Janeiro ouviu nesta quinta-feira (20) mais uma adolescente vítima do jogo “Baleia Azul” – disputa virtual que inclui desafios que podem induzir ao suicídio.
Segundo a investigação, uma das vítimas ouvidas foi impedida de se matar pela mãe, que percebeu que a filha tinha escoriações pelo corpo.
No jogo, disputado pelas redes sociais, em que um grupo de organizadores, chamados “curadores”, propõe 50 desafios macabros aos adolescentes, como bater fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se e ficar doente. A última missão do jogo é se matar.
De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, uma adolescente estava num estágio intermediário do jogo, mas quis adiantar a última tarefa que consiste num atentado contra a própria vida.
A delegada contou que a vítima ia sair de casa e que pretendia pular de um prédio, mas foi impedida pela mãe, que percebeu escoriações no corpo da menor. Mesmo em casa, a adolescente tentou outras formas de se matar, mas novamente foi impedida.
Depoimento
Flávia (nome fictício), de 15 anos, disse que sentia uma vazio dentro de si. A menina não sabe explicar o que é, apenas sofre.
A adolescente desacreditou no amor da mãe, no contato com outros seres humanos e na fé religiosa da criação que recebeu na Zona Oeste do Rio. Entregou-se ao que agora viu ser uma falsa esperança: o Jogo Baleia Azul.
“Quem tiver com vontade de entrar no Baleia Azul, não faça isso. Só vai te causar coisas ruins. Em vez de parar sua tristeza, só vai aumentar. E vai acumular, e vai acumular… E quando você vê, já vai estar vazio por dentro e por fora. Apostem numa coisa que você gosta. Talvez numa música de que você gosta. Talvez você se sinta melhor. Porque eu sei o quanto dói, mas não vai ser um jogo que vai te fazer parar de sentir dor. E nem a morte”, desabafou a menina.
Flávia foi internada após a mãe descobrir que ela estava participando do jogo, e já estava na 15ª ordem. A menina teve alta após dois dias e acabou tentando suicídio. A mãe, que abandonou o trabalho por preocupação, conseguiu impedir que o pior acontecesse.
A dor da mãe a fez recuar. Vez por outra, Flávia diz que sente vontade de desistir, mas tenta mudar de pensamento. Está em tratamento, e sonha em ser fotógrafa:
“Minha mãe me disse que fazia tudo para eu ficar viva. E eu entendi. Às vezes eu penso (na morte), mas aí eu penso no meu futuro”, contou.
Alcance
O jogo ganhou visibilidade e vem se alastrando pelo mundo. Em alguns países, como Inglaterra, França e Romênia, as escolas têm feito alertas às famílias, depois que adolescentes apareceram com cortes nos braços, queimaduras e outros sinais de mutilação.
O fenômeno começou na Rússia, mas está se espalhando – inclusive no Brasil, como indicam o caso da jovem de 16 anos morta no Mato Grosso e uma investigação policial em andamento na Paraíba.
Saiba mais sobre o Jogo da Baleia Azul aqui.
com informações do Jornal Extra
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