Atrizes e atores da Globo vão às redes contra as 'reformas' de Temer
Artistas da Globo protestam contra as reformas trabalhista e da Previdência do governo Temer. Com a hashtag #nãodecidampornósporquetemosvoz, eles publicaram textos críticos e fotos com suas carteiras de trabalho
Um grupo de atores e atrizes da TV Globo protestou nas redes sociais, em fotos com suas carteiras de trabalho, contra a reforma trabalhista, em discussão na Câmara. Com hashtags como #somoscontraareformatrabalhista e #nãodecidampornósporquetemosvoz, artistas conhecidos como Alline Moraes, Herson Capri, Paulo Betti, Suzy Rêgo, Lúcio Mauro Filho, Taís Araújo, Tatá Werneck, Nathalia Dill e Mônica Iozzi, entre outros, fizeram coro a juristas da área do Trabalho e entidades sindicais contra a proposta aprovada na Câmara semana passada.
“Sabemos da necessidade de aprimorar esse conjunto de leis, mas não podemos esquecer sua principal função: assegurar os nossos direitos, os direitos dos trabalhadores. Sem debate e reflexão não podemos avançar. Sem ouvir todos os lados interessados não geraremos os empregos com a dignidade necessária”, publicou Taís Araújo.
Primo do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), Lúcio Mauro Filho condenou a reforma da Previdência. Segundo ele, o presidente Michel Temer e o Congresso estão “manchados” e não têm legitimidade para tratar de assuntos dessa natureza. “Desde os meus 17 anos, contribuo com a Previdência. Pago todos os meus impostos. Me sinto um idiota por não ter nada de volta, porém sou um burguesinho, sempre dopado pela minha condição de ter um salário muito acima da média. Mas não posso omitir, como cidadão, a minha opinião a respeito da REFORMA DA PREVIDÊNCIA”, escreveu o ator no Instagram.
A atriz Mônica Iozzi também criticou a reforma previdenciária: “Você pode ser contra o Temer, contra a Dilma, contra todos. Mas ser contra a própria aposentadoria é demais né?”. “O trabalhador merece respeito! Afinal, é ele que faz o país andar”, publicou Nathalia Dill. As publicações dos artistas foram feitas nos últimos três dias.
A reforma trabalhista vai passar por três comissões no Senado (Assuntos Sociais, Assuntos Econômicos e Constituição e Justiça) antes de chegar ao plenário. O projeto, que prioriza o acordado sobre o legislado e reduz as atribuições da Justiça trabalhista na solução de conflitos, foi aprovado na Câmara por 296 votos a 177.
Na última sexta-feira, milhões de trabalhadores participaram da greve geral e dos protestos convocados pelas centrais sindicais na última sexta-feira (28) contra as reformas trabalhista e da Previdência. Ontem, a comissão especial da Câmara aprovou a PEC 287/16, que muda o sistema de aposentadoria. Falta a análise de destaques do texto para a proposição seja encaminhada ao plenário.
Um dos pontos mais polêmicos da reforma trabalhista é o chamado “negociado sobre o legislado”, que prioriza acordos individuais em detrimento da lei e de acordos e convenções coletivas. Poderão ser objeto de acordo individual: parcelamento de férias, banco de horas, jornada de trabalho, jornada em escala (12×36). Alguns pontos, porém, não poderão ser negociados, como FGTS, 13º salário e seguro-desemprego. Para opositores da matéria, esse ponto do texto subjuga o trabalhador e o submete à autoridade do empregador. Já os defensores do dispositivo dizem o contrário, que a matéria dará mais força às representações de empregados nas empresas e instituições.