Redação Pragmatismo
Injustiça 24/Mai/2017 às 13:42 COMENTÁRIOS
Injustiça

Mãe que roubou ovos de páscoa recebe pena maior que réus da Lava Jato

Publicado em 24 Mai, 2017 às 13h42

Mãe de quatro filhos que roubou ovos de páscoa e um quilo de peito de frango é condenada a pena maior que réus da Lava Jato. A mulher está trancafiada em uma cela superlotada com o filho mais novo, de apenas 20 dias

Mãe que roubou ovos de páscoa pena maior que réus da Lava Jato

Uma mãe que roubou ovos de Páscoa e um quilo de peito de frango de um supermercado em 2015 foi condenada a uma pena maior do que as recebidas por alguns réus da Operação Lava Jato.

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou Fernanda (nome fictício) a 3 anos e 2 meses de reclusão em regime fechado. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Nesta terça-feira (23), a Defensoria Pública de SP pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a anulação da sentença.

Na visão da Defensoria, a extensão da pena da cliente é “absurda”, ao se considerar o caráter pouco impactante e lesivo do crime. O comportamento, “embora condenável”, não gerou perturbação social, violência nem dano ao patrimônio do estabelecimento, que logo recuperou as mercadorias furtadas, diz o pedido.

Fernanda, que é mãe de quatro filhos, deu à luz no último 28 de abril e vive com o bebê de 20 dias em uma cela, cuja capacidade é de 12 pessoas, ao lado de outras 18 detentas.

Punida com mais rigor que a Lava Jato

O caso de Maria levanta debate sobre a Justiça — que garantiu recentemente prisão domiciliar à mulher do ex-governador Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo. Mostra ainda certa desproporção das penas no Direito Penal.

Segundo levantamento do jornal Extra, na Operação Lava-Jato, ao menos sete condenados vão cumprir menos tempo de cadeia que Fernanda. Cinco deles recorrem em liberdade, enquanto um está preso em domicílio.

Confira abaixo:

— Antônio Carlos Pieruccini foi condenado a três anos por envolvimento na operação montada pelo doleiro Alberto Yousseff para operar empresas de fachada e movimentar recursos oriundos de desvios na Petrobras. Ele recorre em liberdade.

— Faiçal Mohamed Nacirdine foi condenado a um ano de prisão por operar instituição financeira irregular por meio de contas de empresas fantasmas. Ele é ligado à doleira Noelma Kodama, condenada a 18 anos de regime fechado.

— Maria Dirce Penasso foi condenada por corrupção passiva a dois anos e um mês de prisão. Ela é mãe de Noelma. Também recorre em liberdade.

— João Procópio Prado, ligado a Yousseff, foi condenado a dois anos e sete meses. Ele era proprietário de escritório em São Paulo que gerenciava contas do doleito no exterior. Cumpre a sentença em prisão domiciliar.

— Juliana Cordeiro de Moura foi condenada a dois anos e dez dias de reclusão. Ligada a Noelma, era dona de empresa de fachada no Brasil e de contas off-shore no exterior. Recorre em liberdade.

— Rinaldo Gonçalves de Carvalho, condenado por corrupção passiva, recorre em liberdade da pena de dois anos e oito meses de prisão. Ele operava o esquema de Noelma em empresas fantasmas.

— Ediel Viana da Silva foi condenado a 3 anos de prisão. Foi permitido a ele prestar serviços comunitários e pagar cinco salários minímios a empresas filantrópicas para atenuar a sentença, porque colaborou de forma informal com as investigações. Foi preso por facilitar o transporte indevido de dinheiro ou emprestar seu nome à abertura de empresas de fachada de Carlos Habib Chater. É mais um que responde em liberdade.

Leia também:
A história desoladora de Paula Cooper, condenada à morte já na adolescência
Médicos coagem prisioneiras à esterilização

Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS