Michel Temer tem a menor aprovação dos últimos 28 anos, diz Datafolha. De acordo com os dados históricos, o índice só não é pior que o de José Sarney, em 1989, durante a crise da hiperinflação
Isabella Macedo, Congresso em Foco
Apenas 7% dos entrevistados pelo Datafolha aprovam o governo de Michel Temer (PMDB). O índice só não é pior que o de José Sarney, em 1989, durante a crise da hiperinflação, quando o também peemedebista contava com apenas 5% de aprovação. Em abril do ano passado, antes de sofrer o impeachment, Dilma Rousseff tinha quase o dobro da aprovação de Temer, com 13%.
Entre os dias 21 e 23 de junho, o Datafolha entrevistou 2771 pessoas de 194 cidades. Aqueles que avaliam o governo de Temer como ruim ou péssimo correspondem a 69% dos entrevistados. A avaliação “regular” foi escolhida por 23% dos entrevistados e outros 2% não souberam avaliar a gestão Temer. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o índice de confiança da pesquisa é de 95%.
Mulheres, jovens e mais pobres são os que mais desaprovam Temer. Com o eleitorado feminino, a taxa de ruim e péssimo de Temer chega a 73%. Entre pessoas de 25 a 34 anos, a avaliação ruim e péssimo do peemedebista é de 74%. Entre aqueles cuja renda mensal da família é de até dois salários mínimos, o índice é de 71%.
A melhor avaliação de Temer é dada pelo eleitorado mais rico, com renda familiar mensal acima de dez salários mínimos. O governo de Michel Temer é avaliado como bom ou ótimo por 15% e regular por 30% dessa parcela da população. Ruim ou péssimo é a opinião de 55% desses entrevistados.
Em crise
Temer está no centro de uma crise que deteriorou ainda mais sua imagem e aguarda o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, apresentar uma denúncia contra ele. No dia 17 de maio, foi divulgado um áudio de conversa entre o presidente e Joesley Batista, dono da JBS. O áudio faz parte do acordo de delação premiada dos executivos da empresa e gerou uma investigação formal contra o presidente da República no Supremo Tribunal Federal (STF).
Agora, aliados do presidente aderiram à tese de “caos econômico” para evitar ainda mais desgaste político ou, pior, que a denúncia seja aceita. A expectativa pela denúncia que Janot irá oferecer movimenta os articuladores do Planalto desde a semana passada. Especulava-se que o procurador-geral da República oferecesse a denúncia no início dessa semana, o que não aconteceu. A PF tinha prazo até essa segunda (19) para encerrar as investigações contra Temer, mas entregou ao STF um relatório parcial e pediu mais cinco dias para concluir os procedimentos. No relatório, a PF afirmou que as evidências indicavam “com vigor” que Temer e Rodrigo Rocha Loures cometeram crime de corrupção passiva. Loures atualmente está preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Na noite de sexta (23), foi revelado que a perícia pedida pela Polícia Federal (PF) ao Instituto Nacional de Criminalística (INC) constatou que não houve edição no áudio entregue por Joesley. O laudo da PF desmonta a principal tese da defesa e acrescenta que as conversas entre Joesley e Temer têm lógica e coerência. A defesa do peemedebista havia tentado desqualificar o áudio, afirmando que ele havia sido adulterado para incriminar o presidente. A defesa contratou um perito, que desqualificou a gravação e a chamou de “imprestável.”
A perícia concluiu que as interrupções no áudio são causadas pelo próprio gravador usado por Joesley, que faz pausas na gravação quando há momentos de silêncio. O dispositivo faz essas pausas para economizar bateria e memória de armazenamento. Não haveria, portanto, manipulação externa para alterar o sentido da conversa.
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