Colégio de SC pede para que alunos se vistam como "Favelados do Rio de Janeiro"
Escola de Santa Catarina pede para que estudantes se vistam como “favelados do Rio de Janeiro” em festa a fantasia. Pai de aluno rebateu recomendação: "Nasci em favela e ainda assim não sei que traje é esse de favelado. Sempre ensinamos os nossos filhos a não terem nenhum tipo de preconceito e não julgar as pessoas pelo que elas vestem"
A escola particular Cenecista Pedro Antônio Fayal, de Itajaí (SC), encaminhou para os pais de alunos do 4º ano um comunicado que pede que as crianças compareçam a uma festa fantasiados de “favelados do Rio de Janeiro”.
O jornalista Willian Domingues, pai de um aluno, rebateu a recomendação da instituição de ensino.
“Nasci em uma favela, cresci na periferia de São Paulo e ainda assim não sei que traje é esse de favelado. Sempre ensinamos os nossos filhos a não terem nenhum tipo de preconceito e não julgar as pessoas pelo que elas vestem ou têm, mas sim pelo caráter”, disse em uma publicação nas redes sociais.
Willian afirmou ainda que seu filho explicou que a classe foi dividida em duas classes sociais para uma festa de integração da escola.
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“De um lado os favelados do Rio de Janeiro, que iriam de bermuda, chinelo, óculos escuros e boné, e a outra metade, vestida como médicos, advogados e empresários, para representar a outra parte da cidade”, relatou.
O post de Willian nas redes sociais obteve bastante alcance e a escola foi forçada a se explicar.
Pedido de desculpas
Em um esclarecimento publicado na internet, a escola pediu desculpas e disse que a intenção não era criar estereótipos e “sim expor movimentos de cidadania”.
“Pois ainda que possamos ter explicações, reconhecemos a inadequação de uma frase descontextualizada. Nosso espírito educacional é sempre na intenção de realizar ações que possam somar com a comunidade. Houve um sério equívoco no bilhete enviado às famílias dos quartos anos e que separado do contexto a que pertencia tornou-se inaceitável”, informa a escola.
Leia o comunicado oficial da escola:
“Viemos através desta transcrever nossos mais sinceros pedidos de desculpas, pois ainda que possamos ter explicações , reconhecemos a inadequação de uma frase descontextualizada. Ouvimos cada um de vocês, e explicamos o contexto da ação. Jamais teríamos a intenção de criar estereótipos. Nosso espírito educacional é sempre na intenção de realizar ações que possam somar com a comunidade. É de prática cotidiana o acolhimento e humanização a nossos alunos, famílias e funcionários. Houve um sério equívoco no bilhete enviado às famílias dos quartos anos e que separado do contexto a que pertencia tornou-se inaceitável.
Esclarecemos que a atividade proposta foi na verdade baseada na canção Alagados, do conjunto Paralamas do Sucesso, onde é citada a Favela da Maré, uma das maiores do Rio de Janeiro, onde vivem hoje 130 mil pessoas, em comunidades que se estendem entre a avenida Brasil e a Linha Vermelha – duas das mais importantes vias de acesso à cidade. Não viemos criar muros e sim trabalhar e expor estes movimentos de cidadania e inclusão.
Não aceitamos racismo, xenofobia, homofobia ou qualquer intolerância de classes. Nossos 55 anos de história atestam esta postura. Convidamos a todos para acompanharem o nosso trabalho que sempre privilegiou os valores e reafirmar que repudiamos toda e qualquer forma de exclusão. Contamos com a compreensão nesse momento e as providências internas já foram tomadas.
Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos cada vez mais intolerantes e intransigentes nesse sentido. Enfrentaremos esse momento com humildade e o superaremos, fica o aprendizado.
Atenciosamente,
A Direção”