Educação

Mãe denuncia racismo em exercício escolar do filho de 3 anos

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Indignada com dois exercícios racistas no livro do filho de 3 anos, mãe resolveu externar o caso e acionar o Ministério Público. O colégio informou que não suspenderá o material didático, mas fará atividade pedagógica sobre o assunto

A educadora Aline Lopes, 30, afirmou que vai ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciar por racismo o conteúdo do livro didático “Natureza e Sociedade”, utilizado na educação do seu filho de 3 anos.

Uma das tarefas do livro pede para que as crianças circulem o lar em que as pessoas estão felizes. Na página em questão, uma imagem mostra uma família negra com expressão facial fechada, enquanto a outra revela uma família branca sorrindo.

A figura de negros tristes e brancos felizes chamou a atenção até da filha mais velha de Aline, de 5 anos. “Minha filha, quando viu a página, perguntou ‘por que a família negra é triste? Eu sou negra e não sou triste’. Isso, para uma criança, é muito sério”, disse Aline ao portal G1.

Outro exercício do livro consiste em relacionar três pessoas a três profissões distintas. Nas imagens, a resposta correta associa um jovem negro segurando uma vassoura à limpeza de um corredor escolar.

“Meu filho, de três anos, já entende o que é para fazer nos exercício e, ao abrir a tarefa, já começou a fazer rapidamente. Analisando o conteúdo, eu vi do que se tratava. O problema não é a função de ser servente, é que esse papel seja sempre creditado apenas aos negros”, aponta.

O filho de Aline estuda em uma escola particular do Recife, que informou que não suspenderá o material didático, mas fará atividade pedagógica sobre o assunto. A editora pernambucana Formando Cidadãos, responsável pela publicação, disse em nota que “situação estará resolvida” na edição de 2018.

Mãe de filhos negros

Apesar de ser branca, Aline Lopes pode falar com propriedade sobre o racismo e questões raciais. Seus dois filhos são negros porque o pai das crianças é negro.

Ao jornal Folha PE, Aline afirmou que que sua filha já sofreu racismo em uma escola anterior. “Imagina que minha filha ia com um black power para a escola e muitas vezes vinha para casa com cabelo preso, porque a ‘tia’ prendeu, mesmo sem ela pedir. Ela já chorou pedindo para alisar o cabelo, porque achava o meu liso mais bonito”, contou.

“Então, isso não é o tipo de coisa que eu quero ver nas tarefas dos meus filhos. Eu tento educar eles de uma forma a respeitar as diferenças, entender a sociedade que a gente vive. Eu quero que eles entendam que podem ser e podem ocupar o lugar que quiserem”, finalizou.