Homem que atropelou, feriu e matou muçulmanos é casado e tem 4 filhos. Testemunhas do atropelamento descreveram que ele gritou que iria "matar todos os muçulmanos". Theresa May admite rever estratégia de combate ao terrorismo após quarto ataque em três meses
A Polícia Metropolitana de Londres (Met) afirmou nesta segunda-feira (19/06) que o atropelamento ocorrido na mesquita de Finsbury Park, no norte de Londres, neste domingo (18/06), é um atentado terrorista, de acordo com a metodologia empregada. No incidente, dez pessoas ficaram feridas e um homem morreu.
O responsável pelos atropelamentos é Darren Osborne. Ele é casado e tem quatro filhos, de acordo com os jornais britânicos “The Guardian” e “Daily Mail” e a emissora BBC. Ele está preso em uma delegacia da capital britânica sob a acusação de terrorismo.
Segundo o “Guardian“, Osborne mora em Cardiff, no País de Gales. Ele teria crescido em Weston-super-mare, em Somerset, no sul da Inglaterra.
A polícia britânica fez buscas em um apartamento de Cardiff nesta segunda-feira (19).
Ouvidos pelo “Guardian”, dois vizinhos de Osborne confirmaram a identidade do suspeito. “Alguém me disse que era ele e eu falei: ‘não pode ser’. Então eu olhei a foto no noticiário e vi que era ele”, disse Dave Ashford, 52.
“É chocante. Vi ele andando pelas ruas, mas nunca falei com ele. Ele parecia normal. Mora aqui há alguns anos e tem se mantido discreto”, afirmou Pauline Tibbs, 48 anos.
“Vou matar todos”
Algumas testemunhas do atropelamento descreveram que Darren Osborne gritou que iria “matar todos os muçulmanos”, antes de ser rendido pelas pessoas que estavam próximas à mesquita.
Uma das testemunhas, Abdulrahman Saleh Alamoudi, afirmou que estava junto com um grupo de fiéis que acabava de terminar de rezar e que, nesse momento, ajudava um idoso que “tinha caído”, talvez por causa do calor, quando a van do agressor se dirigiu a eles.
“Esta caminhonete veio para cima da gente. Acredito que pelo menos dez pessoas ficaram feridas e por sorte, eu consegui escapar”, afirmou. “Então, o homem saiu da caminhonete e o agarrei. Estava gritando: Vou matar todos os muçulmanos, vou matar a todos os muçulmanos. Ao mesmo tempo que ia dando murros”, relatou.
Quando conseguiram imobilizá-lo, segundo esta versão, o homem pediu que o “matassem”.
Prefeito
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, que é muçulmano, qualificou nesta segunda o incidente desta noite na cidade como um ataque aos valores “compartilhados de tolerância, liberdade e respeito”.
Além disso, o prefeito pediu aos londrinos, em declaração, que mantenham a “calma” e permaneçam “vigilantes” enquanto se esclarece este incidente.
“Enquanto este parece ser um ataque contra uma comunidade em particular, como os terríveis de Manchester, Westminster e London Bridge, este é também um ataque contra todos os nossos valores compartilhados de tolerância, liberdade e respeito”.
“Ainda não sabemos de todos os detalhes, mas está claro que este foi um ataque deliberado contra londrinos inocentes, muitos deles terminando as orações durante o mês sagrado do Ramadã”, disse Khan.
Rever estratégias
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou nesta segunda-feira (19/06) que o governo do país vai revisar suas estratégias de combate ao terrorismo após o quarto ataque em três meses.
“Como eu disse aqui, duas semanas atrás, houve muita tolerância com o extremismo em nosso país por muitos anos – e isso significa qualquer tipo de extremismo, incluindo islamofobia. É por isso que estaremos revisando nossa estratégia de contraterrorismo e assegurando que a polícia e os serviços de segurança terão os poderes que precisam”, afirmou a premiê, em discurso na sede do governo.
“E é por isso que vamos estabelecer uma nova Comissão de Combate ao Extremismo como órgão estatutário para ajudar a combater ódio e extremismo da mesma maneira que lutamos contra o racismo – porque este extremismo é insidioso e destrutivo aos nossos valores e ao nosso modo de vida e nada vai nos impedir de derrotá-lo”, disse.
May fez a declaração após presidir uma reunião do comitê de emergência do governo. A ação, segundo ela, “mais uma vez, teve como alvo pessoas normais e inocentes que cumpriam com suas rotinas, desta vez muçulmanos britânicos que deixavam uma mesquita”, em “um momento sagrado do ano” para a comunidade, o mês do Ramadã.
“Este ataque contra os muçulmanos perto do seu local de culto e todos os atos de terrorismo em qualquer uma de suas formas têm um mesmo objetivo fundamental: dividir a sociedade e romper os vínculos de solidariedade que são compartilhados neste país”, disse a primeira-ministra, que afirmou novamente – assim como fez nos últimos três ataques – que “não permitirá que isto ocorra”.
com agências internacionais