Wallison Ulisses Silva dos Santos*, Pragmatismo Político
Nos últimos dias a internet está em ebulição com um evento de uma escola particular chamado “se nada der certo”. O evento tinha como objetivo os alunos se fantasiarem de profissões que eles consideravam opções caso não passassem no vestibular.
As profissões consideradas como opção caso os alunos não passassem no vestibular eram: vendedor, atendentes de lanchonetes, vendedor ambulante, empregada doméstica entre outras.
Esse tipo de atitude em uma escola mostra que dentro das classes mais abastadas de nosso país existe um profundo desrespeito aos brasileiros com menos oportunidades. Uma instituição de ensino jamais poderia organizar, incentivar e nem mesmo aprovar um evento como este.
Infelizmente este caso está longe de ser um fato isolado e a segregação entre os brasileiros ricos e pobres está cada vez maior em nosso país. Está semana tive a oportunidade de ir a um evento acadêmico em outra cidade por uma das instituições onde sou professor, acredito que a instituição com o intuito de nos motivar, não economizou nos gastos com hotel, passagem e alimentação. O hotel em que ficamos era claramente de classe alta e visivelmente frequentado pela elite da cidade. No sábado a noite não tínhamos palestras e então resolvemos ir a um restaurante, coloquei uma bermuda, uma camisa de R$ 30,00 reais, um chinelão e sai do quarto. A sensação de vestir-se como pobre em um hotel de elite é algo nada agradável, do quarto até a recepção as pessoas me olhavam da cabeça aos pés como se eu estivesse sujo.
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Achei que era um exagero meu e continuei até a recepção onde encontrei mais dois amigos professores, fomos então a frente do hotel para pegar um táxi. Havia um veículo parado e uma mulher muito bem vestida perto, o colega professor dirigiu a palavra a ela perguntando se ela iria usar aquele táxi, ela virou, olhou para ele e não respondeu. Achei que ela não tinha entendido, sendo assim a cumprimentei e perguntei se ela iria usar aquele veículo, ela novamente olhou com uma cara de “que audácia de vocês falarem comigo” e novamente não respondeu.
Neste episódio, da saída do quarto à senhora do táxi a elite da cidade não disse uma palavra e mesmo assim deu uma aula sobre a segregação social no Brasil, eles claramente disseram que “este ambiente não é para vocês professores”.
Obviamente depois do ocorrido não deixamos isso estragar a nosso noite, saímos e nos divertimos entre professores e eu tive mais motivação para contribuir como professor na formação de alunos que visem com a educação melhorar a sociedade onde vivem e não sentirem-se melhor e superior aos mais pobres, pois acima de tudo o desenvolvimento é um estado de espírito e uma maturidade da consciência social.
*Wallison Ulisses Silva dos Santos é graduado e mestre em economia pela UFMT, especializando-se em Gestão Estratégica de Pessoas pela Estácio Cuiabá, professor da Estácio Cuiabá e da Anhanguera e colabora para Pragmatismo Político
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