Há oito anos o então presidente Lula era saudado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, na reunião dos líderes das vinte maiores economias do planeta, o G20, como "o cara". Hoje, Michel Temer é recebido com indiferença no mesmo encontro e amarga papel de figurante
Michel Temer (PMDB) chegou em Hamburgo, na Alemanha, nesta sexta-feira (7) para participar da reunião do G20, grupo que reúne os 20 países mais ricos do mundo.
Em sua primeira declaração pública, o presidente brasileiro disse a jornalistas que “crise econômica no Brasil não existe”. O comentário veio em resposta ao ser questionado sobre a posição do Brasil no G20 em meio à turbulenta crise política e econômica no país.
“Crise econômica no Brasil não existe. Vocês têm visto os últimos dados”, retrucou Temer aos jornalistas. Diante da resposta, uma jornalista questionou: “Não existe crise econômica, presidente?”
“Não. Estamos crescendo empregos, estamos crescendo indústria, estamos crescendo agronegócio. Lá não existe crise econômica”, ressaltou Temer, interrompendo a entrevista e contrariando os dados do IBGE que apontam recorde de desemprego no Brasil sob sua gestão.
Descrédito
A falta de prestígio de Michel Temer no Brasil é também refletida internacionalmente. No encontro do G20 o atual presidente brasileiro está sendo tratado com indiferença pelos principais líderes internacionais e até mesmo por lideranças de países menos expressivos.
Trata-se de um quadro exatamente oposto ao que aconteceu no encontro de 2009, em Londres, quando o então presidente Lula chegou na reunião como protagonista e foi saudado por Barack Obama, que o chamou de ‘o cara’.
Segundo Melvyn Levitsky, ex-embaixador dos EUA no Brasil e professor de Política Internacional da Universidade de Michigan, a falta de legitimidade de Michel Temer e as inúmeras denúncias de corrupção que pesam contra o seu governo o colocam na condição de coadjuvante na reunião do G20 em Hamburgo.
“Por que os líderes das maiores economias do planeta iriam pensar em tratar de acordos de comércio com o Brasil durante o G20 se do lado brasileiro estará um líder suspeito de corrupção, que pode sofrer um processo de impeachment e ser indiciado judicialmente e certamente não disputará as eleições de 2018?”, diz Melvyn Levitsky, embaixador dos EUA no Brasil durante o governo Bill Clinton.
Para James Green, historiador e diretor da Brazil Initiative da Universidade de Brown, “o governo que chega a Hamburgo é identificado com a corrupção e a falta de legitimidade política e representação popular, e isso é claramente percebido pelas lideranças mundiais. Por isso mesmo, é impossível que Temer tenha qualquer importância internacional”.
O historiador diz que o trabalho de projeção internacional, incrementado durante o governo Lula (2003-2010), da imagem do país-continente, com economia diversificada e liderança regional natural e forte, com a defesa de uma atuação independente do Itamaraty, tinha como alicerce o enorme apoio popular dado ao “cara”. Agora o cenário é o oposto.
Repercussão
Nas redes sociais, de maneira mais singela, debochada e objetiva, muitos internautas corroboram com o pensamento dos especialistas em política internacional.
“Michel Temer sempre foi figurante em tudo o que fez, com exceção do golpe aplicado para tirar a ex-presidente. Vai ficar atrás de algum país insignificante como da outra vez. Única que vai fazer sucesso é a Marcela nos shoppings”, criticou um internauta.
“Quando o golpista chegar para a reunião do G20 alguém vai falar para a polícia: “este é o cara”, ironizou outro.
Lula no G-20:
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