547 crianças de coral masculino católico foram violentadas, revela relatório
Mais de 500 crianças foram agredidas e sexualmente abusadas em coral católico da Catedral de Ratisbona. Coral alemão é um dos mais tradicionais do mundo. Relatório foi amplamente divulgado pela imprensa do país europeu
Cerca de 550 crianças foram violentadas ao longo de décadas por membros do coral católico da Catedral de Ratisbona, de acordo com uma denúncia publicada nesta terça-feira (18) pela imprensa alemã.
Um relatório final apresentado pelo advogado Ulrich Weber aponta que ao menos 547 crianças teriam sido vítimas de violência, sendo que 500 de agressões físicas e 67 de violências sexuais também. Os crimes teriam ocorrido a partir de 1945 e perdurado até os anos 1990.
O advogado informou que, até o momento, 49 suspeitos foram identificados. As cifras divulgadas hoje são largamente superiores às informadas em 2016, que estipulavam 231 vítimas. Em fevereiro de 2015, as autoridades católicas reconheceram apenas 72 casos.
O relatório de Ulrich Weber faz parte de uma investigação iniciada em 2010 sobre crimes e abusos cometidos por membros da Igreja Católica na Alemanha. O coral masculino Domspatzen, da Catedral de Ratisbona, é um dos mais famosos e conceituados grupos católicos.
Entre 1964 e 1994, sob direção de Georg Ratzinger, irmão do papa emérito Bento XVI, a escola musical ganhou fama mundial. “Se eu tivesse tido conhecimento do excesso de violência que era aplicado, teria feito algo. Peço perdão às vítimas. Eu também dava bofetadas, mas isso sempre pesou na minha consciência“, disse Georg Ratzinger em uma entrevista em 2010 à imprensa alemã.
De acordo com Weber, muitas das crianças da época, ouvidas como testemunhas, relataram que o período no coral foi “o pior período da vida delas, marcado por violência, medo e infelicidade“. As vítimas devem ser indenizadas a partir de agora em até 20 mil euros.
Leia também:
Papa aceita renúncia de arcebispo da Paraíba que acobertou pedofilia
Um dia no “Palácio dos Pedófilos””
Leonardo Boff: A Igreja tem salvação?
ANSA