Faixa de mãe endereçada a vizinhos que não param de tentar interferir na maneira como ela cria seus filhos faz sucesso nas redes sociais. "Depois que eu coloquei a faixa, não escuto um pio". Outras mães apoiaram a ideia
Cansada das críticas sobre a criação dos filhos, uma mãe de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, teve uma ideia um tanto quanto inusitada: colocar uma faixa na janela do seu apartamento ironizando os comentários.
“Oferta especial: a cada cinco pacotes de fraldas ‘G’ ou ‘XG’, ganhe o direito de dar um palpite”, diz um trecho da mensagem de Patricia Monkem, de 38 anos, que viralizou nas redes sociais nesta terça-feira.
A técnica de enfermagem, que é mãe de uma jovem de 18 e um menino de 2 anos, diz que sempre enfrentou comentários da vizinhança sobre o seu modo de educar os filhos.
“Eu morei aqui há uns 14 anos e enfrentei muitos problemas. Já chegaram a chamar o Conselho Tutelar e a Polícia para mim, porque minha filha chorava e eles alegavam que eu a agredia”, conta a mulher.
Após sucessivas denúncias, Patricia afirma que pediu um exame de corpo delito às autoridades, para mostrar que tudo não passava de um grande mal entendido e que a filha chorava como qualquer outra criança.
“Era meu direito. Saiu o resultado e como esperado, não tinha nenhum sinal de violência”.
Patricia diz ter se “livrado dos comentários maldosos” após se mudar do lugar. No entanto, retornou para o apartamento em fevereiro deste ano, agora com a filha já crescida e um filho pequeno.
“Eu quis ser proativa, por isso coloquei a faixa”, revela.
“Às vezes parece que estou matando meu filho, quando na verdade só estou colocando soro no nariz, cortando a unha ou limpando o ouvido do meu bebê. Favor não ligar para o Conselho Tutelar”, alfinetou a mulher no cartaz.
No entanto, a técnica de enfermagem diz que agora as críticas são sobre o cabelo do filho, que ela não corta — desde que a criança nasceu — porque vai doar para uma instituição de caridade voltada para o tratamento do câncer.
“As pessoas me param na rua para falar que eu devo cortar o cabelo dele. Tem gente que diz ‘menino, mas com esse cabelão?’. Outro dia uma senhora me disse que ele ia virar gay e minha resposta para ela foi categórica. ‘O importante é que ele tenha boa índole, né? Tem um monte de hétero sem cárater por aí'”, relata Patricia.
A mulher conta que não esperava a repercussão da faixa, que ela colocou com a ajuda de amigos, na última terça-feira.
“Foi uma brincadeira, coloquei a foto no Facebook e tava difícil mandar o vídeo para os amigos pelo celular, por isso coloquei no Youtube”, conta. “De ontem para hoje tomou essa repercussão. Uma conhecida me mandou um print dizendo que tinha visto em um grupo e que tinha achado ‘minha cara’ aquela atitude.”
A imagem da faixa foi compartilhada em diversas páginas sobre maternidade nas redes sociais, além de grupos e por mensagens via WhatsApp.
Sobre a repercussão, Patricia acredita que outras mães se sentiram contemplada pela mensagem. “Eu trabalho e estou terminando minha graduação em Design, além de cuidar de meus filhos sozinha. O meu desabafo é o desabafo de muitas”, afirma.
Nas redes sociais, muitos internautas se manifestaram sobre a atitude de Patrícia.
“Faço das palavras ‘Dela’ as minhas”, comentou uma usuária de uma rede social. “Ninguém nunca vai tocar a campainha e se oferecer para ficar com as crianças”, escreveu outra. “É isso aí para dar palpite sempre tem alguém, mas para ajudar ninguém”, desabafou mais uma. “Concordo com ela”, disse outra.
Luana Benedito, O Dia
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