Operação Glasnost, da PF, realizada nesta manhã, identificou e prendeu 30 pessoas por abuso de crianças, produção, compartilhamento e distribuição de pornografia infantil em 14 estados brasileiros. Entre os envolvidos há médicos, professores e pais que abusam dos filhos
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 25, a 2ª fase da Operação Glasnost, que combate a exploração sexual de crianças e o compartilhamento de pornografia infantil na internet. A PF prendeu 27 em flagrante e três em custódia preventiva.
“Foram presos estudantes com 19, 20 anos de idade, foi preso um homem de 80 anos de idade que mal conseguia respirar, sair da cama, em flagrante, foram presos professores, médicos, pessoas muito simples com condição financeira muito precária, pessoas com a condição financeira muito favorável, funcionários de alto escalão de determinados órgãos – todos esses fatos sem relação nenhuma com a atuação profissional da pessoa, mas sim pelo que ela fazia nos bastidores. Qual o perfil (dos pedófilos)? Não existe perfil”, afirmou o delegado Flávio Augusto Palma Setti, da PF.
Em nota, a PF informou que cerca de 350 policiais federais participam da operação, cumprindo 72 mandados de busca e apreensão, 3 mandados de prisão preventiva e 2 mandados de condução coercitiva, em 51 municípios nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Ceará, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Piauí, Pará e Sergipe.
“Se não é a maior, é uma das maiores operações de combate à pornografia infantil já realizadas pela Polícia Federal”, disse o delegado.
A ação é uma sequência da Glasnost, deflagrada em novembro de 2013, ocasião em que foram cumpridos 80 mandados de busca e prisão e realizadas 30 prisões em flagrante por posse de pornografia infantil. Foram ainda identificados e presos diversos abusadores sexuais, bem como resgatadas vítimas, com idades entre 5 e 9 anos.
A investigação teve como base o monitoramento de um site russo utilizado como uma espécie de “ponto de encontro” de pedófilos do mundo todo, e resultou na identificação de centenas de usuários, brasileiros e estrangeiros, que compartilhavam pornografia infantil na internet, bem como de diversos abusadores sexuais e produtores de pornografia infantil, tendo sido identificadas, ainda, diversas crianças vítimas de abuso.
Os investigados produziam e armazenavam fotos e vídeos de crianças, adolescentes e até mesmo de bebês com poucos meses de vida, muitos deles sendo abusados sexualmente por adultos, e as enviavam para contatos no Brasil e no exterior.
Anteriormente à deflagração da segunda fase da operação, foram cumpridas medidas urgentes nas cidades de Osasco/SP, Presidente Prudente/SP, Porto Alegre/RS, Vila Velha/ES, Jundiaí/SP, Praia Grande/SP, Campo Grande/MS e Cachoeira do Itapemirim/ES, ‘tendo em vista a identificação de casos concretos de abusos sexuais contra crianças’. Em todos os casos foram presos os abusadores e identificadas as vítimas dos abusos.
Esses desmembramentos da operação foram executados no fim de 2014 (Osasco), em janeiro e fevereiro deste ano (Presidente Prudente, Porto Alegre, Vila Velha, Jundiaí e Praia Grande) e em abril e maio (Campo Grande e Cachoeira de Itapemirim). Flávio Augusto Palma Setti relatou que pais que teriam abusado de seus filhos foram presos.
“Antes da deflagração dessa fase foram executadas algumas diligências pontuais, porque surgiram informações concretas de abusos”, afirmou o delegado.
O nome da operação – “Glasnost” – é uma referência ao termo russo que significa transparência. A palavra foi escolhida porque a maior parte dos investigados utilizava servidores russos para a divulgação de imagens de menores na internet e para realizar contatos com outros pedófilos ao redor do mundo.
Fausto Macedo e Julia Affonso, Agência Estado
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