Sem saber que seria preso e que deixaria o primeiro escalão do governo Temer após uma série de denúncias, Geddel Vieira Lima costumava falar sobre 'Deus' nas suas redes sociais. Uma de suas últimas postagens publicadas no Twitter é uma mensagem do papa Francisco
Geddel Vieira Lima, ex-ministro do governo Temer e braço direito do atual presidente está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. Ele chegou no início da madrugada desta terça-feira (4).
A prisão preventiva foi pedida pela PF e pelos integrantes da Força-Tarefa da Operação Greenfield, a partir de informações fornecidas em depoimentos do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos em acordo de colaboração premiada.
Em janeiro deste ano, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-ministro, alvo da Operação Cui Bono, que investiga o suposto esquema de corrupção na Caixa no período entre 2011 e 2013 – período em que Geddel ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica da instituição.
Ao decretar a prisão preventiva do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal no Distrito Federal, autorizou a busca e apreensão de aparelhos celulares do investigado e a quebra do sigilo telefônico dos aparelhos apreendidos. O objetivo é buscar elementos para comprovar os contatos de Geddel com a esposa do doleiro Lúcio Funaro, preso na Operação Lava Jato.
Na decisão, o juiz diz que Geddel entrou em contato por diversas vezes com a esposa de Funaro para verificar a disposição do marido preso em firmar acordo de colaboração premiada, o que pode caracterizar um exercício de pressão sobre Funaro e sua família. Segundo o magistrado, não é a primeira vez que Geddel tenta persuadir pessoas ou pressioná-las, lembrando o episódio em que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero acusou Geddel de atuar para a liberação da construção de um imóvel em Salvador.
Para o juiz, há provas até o momento da participação de Geddel no esquema de irregularidades apuradas na Operação Cui Bono e, se permanecer solto, ele pode atrapalhar as investigações.
“É que em liberdade, Geddel Vieira Lima, pelas atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de influenciar testemunhas que irão depor na fase de inquérito da Operação Cui Bono, bem como contra pessoas próximas aos coinvestigados e os réus presos Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Lúcio Bolonha Funaro”, diz o juiz em sua decisão.
O ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima foi preso ontem (3) pela Polícia Federal da Bahia por tentar, de acordo com a PF, obstruir a investigação de supostas irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.
‘DEUS’
Uma das últimas postagens de Geddel Vieira Lima no Twitter foi o compartilhamento de mensagem do Papa Francisco, em setembro: “Quanto mais nos deixamos envolver pelo amor de Deus, mais a nossa vida se regenera”.
Dias depois, alvejado por denúncias do então ministro da Cultura, Marcelo Calero, ele deixou o cargo de secretário-geral do governo —e também a rede social.
Na época em que denunciou Geddel, Calero revelou aos policiais federais que tomaram seu depoimento que não desejava que o então ministro fosse preso por sua causa, até mesmo para evitar “energia negativa”. Ouviu que o caso relatado por ele, de tráfico de influência, era crime pago com cesta básica perto dos outros casos em que Geddel era investigado.
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com Agência Brasil e Monica Bergamo
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