Procuradores fazem campanha por aumento salarial de 16%
Enquanto o Brasil afunda, procuradores fazem campanha para ganhar mais. Atualmente, o procurador federal recebe entre R$ 19.000 e R$ 22.000. Contudo, as gratificações e outros benefícios podem elevar esse ganho
Murillo Camarotto, Valor
A menos de dois meses de assumir o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), Raquel Dodge enfrentará amanhã seu primeiro constrangimento com os colegas desde que foi escolhida para o cargo.
Integrante do Conselho Superior do Ministério Público, ela terá que se posicionar sobre um pedido de reajuste salarial de 16% para os procuradores.
O pleito foi encaminhado no dia 11 pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), entidade responsável pela lista tríplice que a cada dois anos indica o titular da PGR.
Em um documento de 12 páginas, o presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, solicita que o aumento de salário seja incluído no orçamento de 2018 do Ministério Público da União.
O problema é a situação financeira do órgão, que tem 80% de seu orçamento atrelado à folha de pagamento dos funcionários.
Os 20% restantes, dedicados ao custeio e aos investimentos, perderam recentemente R$ 48 milhões só com a revisão da estimativa para a inflação de 2018, que é parâmetro para o cumprimento do teto dos gastos públicos.
Na semana passada, Rodrigo Janot disse ao Valor que o quadro financeiro da procuradoria é o mais grave que ele já viu desde que ingressou na carreira, há 33 anos.
De acordo com Janot, apesar dos cortes de gastos que vêm sendo feitos nos últimos anos, a escassez de recursos para o custeio podem dificultar o andamento das investigações do MP.