Fim das ações da Lava Jato em Curitiba fez com que internautas resgatassem famoso áudio de articulação que antecedeu a queda de Dilma Rousseff: "A solução mais fácil para estancar a sangria era tirar ela e botar o Michel. Num grande acordo, com Supremo, com tudo"
Em comunicado à imprensa, a Polícia Federal anunciou nesta quinta-feira (6) que o grupo que atuava na força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba será desfeito.
De acordo com a nota da PF, o atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná será adequado à demanda e “reforçado em caso de necessidade”. O órgão justifica a medida como uma realocação de pessoal.
Na prática, porém, a medida representa o fim das ações da Lava Jato em Curitiba. O anúncio veio pouco mais de um mês após o corte de verbas destinado à Lava Jato e à Superintendência da Polícia Federal do Paraná, que tiveram quase um terço de seu orçamento cortado neste ano pelo governo Michel Temer.
O Ministério da Justiça destinou para ambos R$ 20,5 milhões – R$ 3,4 milhões para os gastos extras da operação – ante os R$ 29,1 milhões de 2016, dos quais R$ 4,1 milhões especificamente para a Lava Jato. A queda representa um percentual de 29,5%.
O corte representou uma asfixia aos trabalhos da Operação Lava Jato, com consequências diretas em pagamento de diárias, realização de diligências e outras ações necessárias à continuidade da operação.
Em 2014, por exemplo, no início da Operação Lava Jato, os recursos para a Superintendência do Paraná cresceram 44%, saltando de R$ 14 milhões em 2013 para R$ 20,4 milhões. Já em 2015, manteve-se o mesmo nível de gastos autorizados pelo governo federal, ainda sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ontem (5), o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa, já havia comentado sobre a liberação de recursos para emendas parlamentares pelo governo federal. Segundo o procurador, “Temer libera verbas à vontade” para salvar seu mandato e asfixia a Polícia Federal.
“A Polícia Federal não tem mais dinheiro para passaporte. A Força-tarefa da Polícia Federal na operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados”, afirmou Carlos Fernando.
“Estancar a sangria”
O fim do grupo de trabalho da Polícia Federal na Lava Jato remete a um famoso áudio divulgado pela própria PF há pouco mais de 1 ano (relembre aqui).
Na época, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), braço direito de Temer, e o ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, afirmaram que a única saída para interromper as investigações da Lava Jato era tirar Dilma Rousseff da Presidência da República e alçar Michel Temer ao poder.
JUCÁ – Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. […] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
[…]
MACHADO – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].
JUCÁ – Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.
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