Merval Pereira, porta-voz da Globo, dedicou sua coluna a atacar profissionalmente o advogado de Lula. Cristiano Zanin Martins rebateu o colunista: “Estou pronto para debater com ele ao vivo qualquer dos temas que foram tratados”
por Cristiano Zanin Martins
MERVAL PEREIRA hoje dedicou sua coluna diária no jornal “O Globo” para me atacar profissionalmente. A coluna sai no dia seguinte após eu haver publicado na Folha de S. Paulo artigo demonstrando que o juiz Sergio Moro e a Força Tarefa de Curitiba transformaram a Lava Jato em uma operação que usa o sistema jurídico e a mídia para promover uma perseguição política contra Lula.
Coincidência? É evidente que não. Embora no artigo acima referido eu não tenha feito referência expressa à Globo e a MERVAL, o principal porta-voz do conglomerado, ele próprio vestiu a carapuça; não há dúvida de que a Globo e MERVAL estão dentro do conceito de “mídia” que apontei como agente propulsor do “lawfare” praticado contra Lula enquanto principal liderança popular no País.
Como resposta, MERVAL decidiu escrever um texto sorrateiro e infame, aplicando a velha tática de atacar a pessoa e não os fatos. MERVAL diz que prestei “ajuda decisiva” para uma nova condenação de Lula em relação ao processo que trata do sítio de Atibaia – processo inaugurado ontem e cujo desfecho MERVAL já anuncia.
Segundo MERVAL, essa atuação contrária aos interesses do meu cliente teria ocorrido porque durante as audiências relativas ao processo do tríplex eu teria perguntado a Leo Pinheiro se Lula teria deixado algum pertence pessoal naquele imóvel do Guarujá. A resposta foi negativa. Na tosca lógica de MERVAL, se havia pertences de Lula no sítio de Atibaia, então haveria uma espécie de “confissão” de que ele seria o proprietário do imóvel.
Não se trata de ignorância, mas má-fé. O processo do tríplex do Guarujá tem a digital da Globo do início ao fim. A própria sentença do juiz Moro erigiu uma narrativa publicada pelo jornal em 2010 à categoria de “prova” para afirmar que o imóvel teria sido “atribuído” a Lula. Essa relevante “prova” se somou à narrativa isolada do corréu e delator informal Leo Pinheiro para entregar à Globo o prêmio esperado: uma sentença condenatória de Lula para ser lida repetidamente em seus telejornais e destacado em suas páginas impressas.
A farsa da propriedade imobiliária do Guarujá é repetida no caso do sítio de Atibaia. Apenas com uma diferença muito clara: enquanto no caso do Guarujá Lula jamais usou ou teve a posse do imóvel – o que foi confirmado pela resposta dada por Leo Pinheiro à pergunta que fiz em audiência -, o sítio de Atibaia foi frequentado por Lula e sua família, o que jamais foi escondido. Um dos proprietários do sítio é filho de Jacó Bittar, amigo de Lula há mais de 40 anos.
Expostos os fatos sem os subterfúgios adotados por MERVAL, fica claro que a pergunta que formulei em audiência ajudou a tornar mais evidente a farsa montada pela Globo no caso do tríplex para servir de “prova” para fundamentar a sentença do juiz Moro.
A propósito, nas audiências em Curitiba eu poderia ter perguntado ao empresário Emílio Odebrecht sobre as relações negociais que ele afirma ter mantido com a Globo para incentivar privatizações na área de telefonia e petróleo, segundo um trecho do depoimento que integra sua delação – e que não mereceu qualquer aprofundamento por parte dos investigadores. Mas a minha atuação profissional jamais foi norteada para atingir aqueles que me atacam gratuitamente, mas sim para promover da melhor forma possível a defesa do meu cliente.
Sugiro a MERVAL que releia o comunicado que fizemos ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em julho de 2016, juntamente com o renomado advogado Geoffrey Robertson. Naquele documento descrevemos a atuação da Globo juntamente com os agentes da Lava Jato nas grosseiras violações a direitos fundamentais praticadas contra Lula.
Não pretendo ter o brilhantismo do profissional que orienta a Globo a resolver seus imbróglios jurídicos, que não são desprezíveis e, segundo uma reportagem publicada recentemente pela Record, também tangenciam a área penal.
Mas tenho consciência de que minha atuação, juntamente com outros qualificados colegas advogados que atuam na defesa de Lula, têm deixado claro que o ex-Presidente não está sendo processado ou condenado porque praticou crimes, mas porque sua presença no cenário político não é do interesse da Globo e daqueles que estão à frente da Operação Lava Jato.
Já que MERVAL se julga qualificado a fazer análises jurídicas e atacar minha atuação profissional, estou pronto para debater com o jornalista ao vivo qualquer dos temas que foram aqui tratados. Mas se MERVAL preferir continuar me atacando profissionalmente no conforto de que não será rebatido no mesmo veículo de imprensa, como ocorre atualmente, continuarei expondo a verdade para aqueles que ainda por ela prezam.
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