O que aprendi com as mudanças de partido de Bolsonaro
Ediel Rangel*, Pragmatismo Político
Invoco aqui as sábias palavras de um amigo, o Sr. Joaquim Fortunato, que dizia: “Pau que nasce torto até as suas cinzas são tortas”.
Jair Messias Bolsonaro, deputado federal pelo PSC (Partido Social Cristão) e recentemente filiou-se ao PEN (Partido Ecológico Nacional) é mais famoso por suas polêmicas do que por propostas sérias para o país.
Recentemente, após a sua considerável aparição nas pesquisas eleitorais para a presidente em 2018, o Messias logo procurou uma base que de fato levasse a sua candidatura a sério. Para isso o PEN se disponibilizou, e esse partido só tem a ganhar, agora ele tem o marketing que antes não tinha, graças ao seu mais novo aliado/filiado, o Messias.
Mas quem é o PEN no jogo do bicho? Ora, nada melhor do que pesquisar na fonte, ou seja, no próprio partido. No site do PEN eu encontrei algumas informações relevantes, como Os 10 Mandamentos para um Crescimento Sustentável. Destaco dois pontos que muito me lembram do momento memorável do partido, são esses os mandamentos: 2º – Todo lixo deve ser reciclado. 3º – Todo esgoto deve ser tratado. Bem, talvez deem jeito no Messias.
Outro fato interessante é que o PEN tem em comum com o antigo partido do Messias, o PSC, uma base cristã. No Estatuto de PSC Art. 3 diz que “a realização e execução de seu programa com base na Doutrina Social Cristã”; Já no PEN, no Art. 3, pasmem, diz que o partido tem como ensino de base os conceitos da Social Democracia Cristã.
Como diria o filósofo: “A História se repete, só que a primeira vez é tragédia e a segunda, farsa”.
Ainda procurando conhecer mais o PEN, em seu Estatuto, no Art. 4, diz que: “Quem se filiar ao PEN será conhecido como Líder, e ou Ecologista” (sic).
Bem, dentro do levantado, fico com algumas indagações: Por que raios um sujeito como Bolsonaro é aceito em Partidos que se dizem Cristão? Algumas poucas declarações do Messias já são suficientes para perceber que dos ensinamentos de Cristo tem pouco valor ou é mal entendido pelo Messias.
Fiquei chocado com um vídeo do Bolsonaro falando que esse é um país cristão onde as minorias têm de se curvar as maiorias. Lembrei-me do ódio que ocorreu em Ruanda na década de 1990, entre o grupo maioritário Hutu contra o minoritário Tutsi, onde a minoria teve de se curvar aos facões do maioritários. O recente episódio de Manifestações da Supremacia Branca deixa-me mais apreensivo com crescimento de uma direita ultrarradical vem ganhando no mundo.
É difícil de acreditar que um sujeito, dito representante do povo, é tão desprovido de conhecimento histórico e que não possui um filtro nas suas palavras, achando o porta-voz da salvação de um país em situação delicada onde as máscaras do preconceito estão caindo mediante o aparecimento de personagens que falam o que os extremistas gostam de ouvir.
Onde está o cristianismo desse sujeito? A grande mensagem de Cristo foi o amor a próximo, e o Messias afirma que os refugiados são a “escória do mundo”, caminho contrário as palavras do novo testamento. Ora, quem, além de motivo de força maior, deseja ser inquilino em terras estrangeiras? Nada mais salutar que o nosso lar, mas quando o mesmo se torna torturoso, um novo lugar é necessário para se fixar raízes, criar os filhos e tentar ter um pouco de paz. Isso nada mais é que um tipo de carta branca para ações xenofóbicas como ocorrida com um refugiado sírio no Rio de Janeiro, ou como ocorreu com os nossos irmãos Haitianos, acusados por uma direita alienada de serem o exercito que o PT trouxe para o Brasil. (Estou esperando esse “exercito” defender o PT).
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Mas o que é a tortura para um sujeito que homenageia o Coronel Ustra? Ou afirma que o problema da ditadura foi torturar e não matar?
Ainda não entendo como o PEN pode aceitar uma pessoa com uma visão tão deturpada de nossos índios, e mesmo assim se achar um partido que defende a ecologia? O Messias quer acabar com as reservas indígenas. No clube Hebraica, muito aplaudido, o Messias disse que, caso eleito presidente na terra tupiniquim, não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou pra quilombola. Vejam só, o Messias disse isso para uma plateia judia onde os seus antepassados foram expulsos de suas terras, viveram por séculos em terras estrangeiras (como refugiados) e em busca de um lugar para chamar de lar (tal como os quilombolas). O mais chocante é que eles aplaudiram esse discurso. Jesus era judeu.
Voltando ao início do texto, onde invoco as palavras de meu falecido amigo Joaquim Fortunato: “Pau que nasce torto até as suas cinzas são tortas” e fazendo uma alegoria com a trágica situação política, que começou errado e vai acabar muito mais errado.
Mas o que aprendi com a mudança de partido do Bolsonaro é o perigo de assinar em qualquer esquina o pedido inocente para a formação de partido. Hoje, há no TSE, 63 partidos em formação. Quem assinou os apoiamentos do PEN, por achar que seria um partido voltado ao meio ambiente e tiver o mínimo de senso, deve estar batendo um baita arrependimento, mas não vale chorar o leite derramado, o partido conseguiu o mais difícil, as assinaturas, agora os “mandachuvas” podem fazer o que bem quiser, inclusive mudar de nome para tentar ser um “diferente”. É como João mudar o nome para John, coisa para inglês ver. PEN, agora quer ser PRONA ou PATRIOTA, ecologia? Nem no nome.
O número escolhido pelo PEN é o 51. A lembrança que grande parte dos brasileiros tem do número 51 é de uma cachaça que é ótima para fazer caipirinhas, lembra ainda para a direita alienada o ex-presidente Lula, é um produto de exportação presente até na série do Big Bang Theory, e nada de Cristão no número.
Ainda sobre o 51, vemos que 5+1=6, seis é o número da imperfeição na bíblia, tanto, que o número da temida besta é 666.
Ainda sobre a besta, relatada no Apocalipse, refere-se ao sujeito que sobrepõe os poderes de cristo, apresentando como salvação da nação, salvador do mundo, este, a Besta do Apocalipse é o falso Messias.
Sacaram?
*Ediel Rangel é graduado em Sistemas de Informação pelo Instituto Doctum de Educação e Tecnologia, graduando em Ciências Contábeis pela UFVJM, mestrando em Tecnologia, Ambiente e Sociedade pela UFVJM, autor do Blog Ediel Rangel e colaborou para Pragmatismo Político.