'Empregadinha', 'plebeia', 'devia morrer'. Vitória da miss Brasil foi marcada por festival de racismo. Monalysa Alcântara, negra, 18 anos, comentou os ataques que vem sofrendo e diz que não vai baixar a cabeça
A piauiense Monalysa Alcântara, de 18 anos, foi coroada como a nova Miss Brasil na noite deste sábado (19), em concurso realizado em Ilhabela, no litoral de São Paulo.
A jovem desbancou outras 26 candidatas e representará o país no Miss Universo deste ano, que ainda vai anunciar o local do evento.
Foi a primeira vez na história do concurso que uma negra transmitiu a faixa a outra – Monalysa recebeu o título das mãos da paranaense Raíssa Santana; antes delas, a única negra a vencer a competição foi Deise Nunes, do Rio Grande do Sul, em 1986.
Por ser a terceira mulher negra a conquistar o título, a modelo tem sido alvo de comentários racistas e preconceituosos nas redes sociais.
Um dos comentários mais reproduzidos e criticados foi feito pela usuária do Twitter Juliana Porto, que comparou Monalysa a uma empregada doméstica. “Credooo! A Miss Piaui tem cara de empregadinha, cara comum, não tem perfil de miss, não era pra estar aí. Sorry”, escreveu ela.
Já Josimar Quintinho desejou a morte da modelo por ser negra. “Não é exagero. Só espero que ela morra antes do Miss Universo, pra Ju assumir o posto”, disse o internauta em referência à gaúcha Juliana Mueller, de 25 anos, que ficou em segundo lugar.
De acordo com o Código Penal brasileiro, vale lembrar, o crime de injúria racial, pelo qual se ofende a dignidade ou o decoro de uma pessoa com base em elementos de raça, cor ou etnia, rende pena de reclusão de um a três anos, além de multa.
“Fomos marginalizadas”
Monalysa, evidentemente, sofre com os comentários racistas. Afinal, é uma jovem de apenas 18 anos. A nova miss afirma, porém, que irá encarar os preconceituosos de frente.
“Acredito que estão enxergando a mulher negra como sempre deveriam: é uma mulher como qualquer outra, que tem sua beleza, sua personalidade e sua luta. Por muito tempo, fomos marginalizadas e vistas como feias e solitárias, mas hoje isso está mudando. O racismo é crime e eu estou aqui para lutar e dar voz contra ele”, afirmou após vencer o prêmio.
“Se lutar e acreditar nos direitos das mulheres é ser feminista, sim, eu sou”, disse a jovem após ser questionada sobre feminismo.
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