Tragédia

Sobreviventes relatam insegurança na lancha e demora no resgate

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Tragédia na Bahia. Sobreviventes e testemunhas relatam insegurança na lancha, tempo fechado e demora no resgate. "Levaram duas horas para resgatar as pessoas. Ficamos duas horas no mar. Absurdo, pois a lancha estava próxima do atracadouro"

Imagens aéreas do resgate e do local da tragédia na Bahia

Vinte e duas pessoas morreram após uma lancha virar na travessia entre Mar Grande e Salvador, na Baía de Todos-os-Santos, na manhã desta quinta-feira (24). A informação foi confirmada pela Marinha.

Após a morte de um bebê, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador informou que o número de mortos subiu para 23. Entretanto, a Marinha ainda não confirma esse número.

Segundo a Marinha, informações passadas pela Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), apontam que a embarcação, chamada de Cavalo Marinho I, tinha capacidade total de 160 pessoas e transportava 133, sendo 129 passageiros e quatro tripulantes.

A Marinha diz que resgatou cinco corpos e que as outras 17 vítimas foram resgatadas por embarcações particulares.

Sobreviventes

Um dos sobreviventes do naufrágio relata ter sido coberto pela embarcação no acidente.

Matheus Ramos, 23, conta que estava sentado mais próximo ao mar e que a lancha virou por cima dele. “Fui atingido no ombro esquerdo. Quando emergi, dei de cara com uma lona e tive que rasgá-la para poder respirar.”

O pai do rapaz, o teólogo Marival Ramos, 51, havia pego uma lancha diferente, apenas meia hora antes da que o filho embarcou. Ao saber do acidente, correu para o terminal marítimo. “É um alívio muito grande vê-lo bem.”

O técnico em informática Edvaldo Conceição, 31, embarcou na lancha que naufragou porque se atrasou em relação ao horário anterior. Ele ajudou a resgatar outras pessoas que se afogavam.

“Algumas pessoas ainda ajudaram a resgatar, a colocar nos botes, mas infelizmente nem todos sobreviveram.” Já foram resgatados 22 corpos, levados ao Instituto Médico Legal. Entre os mortos, está uma criança de um ano.

Demora

O sonoplasta Edvaldo Santos, 51, morador da ilha de Itaparica que faz o trajeto diariamente para trabalhar em Salvador conta que ventava forte e grandes ondas começaram a se chocar contra a lancha.

“Uma primeira [onda] atingiu a embarcação, que ficou de lado e fez todos correrem pro lado oposto. Em seguida, uma segunda onda fez a embarcação virar”, conta ele. “Muita gente caiu no mar.” Para Edvaldo, a impressão é que a lancha estava muito lotada, acima da capacidade pelas condições do tempo.

Ele também reclamou da demora no resgate. “Levaram duas horas para resgatar as pessoas. Ficamos duas horas dentro do mar. Absurdo, pois a lancha estava próxima do atracadouro.” Segundo a Astramab (Associação de Transportadores Marítimos da Bahia), entidade que reúne donos de embarcações, a lancha Cavalo Marinho 1 tinha capacidade pra 162 pessoas.

A faxineira Morenita Santana, 34, também moradora da ilha, disse que não havia segurança na lancha. “Nenhuma. Quando a gente percebeu, a embarcação já tinha virado por cima da gente”, diz a mulher, que viaja para a capital todas as quintas para trabalhar. Ela diz não ter tido tempo suficiente para colocar o colete salva-vidas.

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