Enquanto o presidente dos EUA ironiza e ameaça destruir todo o povo norte-coreano, do outro lado do mundo chega agora a notícia de que seus vizinhos e irmãos sul-coreanos oferecem-lhes ajuda humanitária
Gustavo Gollo, Jornal GGN
A Coreia fica de um lado do mundo, os EUA do outro, bem oposto. Não tem o menor sentido ir lá do outro lado do mundo encrencar com quem está quieto, só os EUA têm essa mania. Creio que ninguém se sente realmente ameaçado pelos norte-coreanos, pelo simples fato de que eles são muito mais fracos que os inimigos, razão pela qual não atacarão, a menos que atacados previamente. Acredito que todos concordam com isso.
Mas, sendo assim, qual é o problema? Por que dar atenção à Coreia do Norte?
Os que se preocupam demasiadamente com a Coreia incomodam-se, de fato, com a petulância de um país que ousa não se submeter ao domínio dos EUA. Os EUA, como sempre, querem mostrar quem manda, e deixar isso bem claro.
Uma notícia aterrorizante
Leio na internet, no entanto, que a Coreia do Norte pode ser dizimada em 20 minutos. Por si, só, a notícia é aflitiva, milhões de mortes em minutos; mas a loucura não para aí: isso significa que, em caso de uma suspeita de ataque, os norte-coreanos terão menos de 20 minutos para decidir contra-atacar, confirmada, ou não a suspeita, o que aumenta o risco inerente à tensão absurda.
Mas, perceba, esse risco decorre apenas da tensão despropositada existente entre os países distantes.
Alvos
Houve fortes protestos na Coreia do Sul contra a implantação de um sistema americano de lançamento de mísseis por lá, que torna o local um alvo potencial de norte-coreanos e chineses.
O protesto demonstra que os sul-coreanos se sentem ameaçados pela Coreia do Norte. O receio, no entanto, justifica-se pela possibilidade de retaliação. Quem ameaça, de fato, são os americanos.
Discurso na ONU
Ao discursar na ONU, o presidente americano deixou clara, mais uma vez, sua inabilidade diplomática, ao reiterar ameaças e ironizar o líder coreano com a expressão “rocket man” (fogueteiro), provocação tola e irresponsável que não facilitará a obtenção de um acordo.
Para piorar a situação, a embaixadora americana na ONU demonstra completa impaciência, já tendo, por ela, desistido de qualquer acordo e partido para a agressão desastrosa. A inabilidade diplomática da dupla salta aos olhos. A necessidade de um mediador para o caso, como a presidente suíça que se prontificou a isso, parece óbvia.
Os americanos parecem ter se metido em uma situação embaraçosa da qual não conseguem se desvencilhar condignamente. O presidente americano deve estar bastante arrependido de ter cutucado o vespeiro, não sabendo como se desembaraçar do problema que, desse modo, se agrava a cada dia. Corre o risco de meter os EUA em uma guerra que eles não desejam.
O mundo inteiro, aliás, encontra-se sob o risco de uma guerra nuclear generalizada disparada por pura insensatez.
Enquanto isso, Rússia e China, cujos líderes não foram participar da reunião da ONU, encontram-se fazendo exercícios de guerra conjuntos, por via das dúvidas. Os orçamentos militares das grandes potências nunca se agigantaram tanto, péssimo augúrio.
Por humanidade
Enquanto o presidente americano ironiza e ameaça destruir todo o povo norte-coreano, do outro lado do mundo, chega agora a notícia de que seus vizinhos e irmãos sul-coreanos oferecem-lhes ajuda humanitária. Sabem que o bloqueio é real, e que faltará comida, e transporte para levar a pouca existente às bocas.
A nação vampira nos faz ver o mundo à luz do ódio. Lembrarmos de nossa humanidade trará sensatez a uma disputa que, direcionada por ódios, nos levará ao caminho da destruição.
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