A justa ira de Zé de Abreu diante do apoio do PT a Aécio
Petista histórico, José de Abreu vocalizou a frustração generalizada fora dos círculos dos fãs incondicionais empedernidos. “Desisto. Se o PT for de novo ‘republicano’, desisto. Não estamos vivendo momentos normais”
Kiko Nogueira, DCM
A deliberação desastrosa do PT de apoiar Aécio Neves provocou uma hecatombe entre os militantes e deixou felizes os detratores que enxergaram nisso a prova de que todos os políticos são iguais e querem apenas se proteger para roubar.
A nota de Gleisi Hoffmann é herdeira do republicanismo suicida que teve no ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo seu campeão.
Num tom rocambolesco, Aécio é descrito como alguém que “defronta-se hoje com o monstro que ajudou a criar”.
No entanto, ele não pode ser afastado pelo STF, cuja decisão de afastá-lo foi “esdrúxula” e “acima da Constituição”. Aécio Neves deve ser levado ao Conselho de Ética, diz o texto.
Ora, Aécio ganhou um puxão de orelha e foi proibido de sair à noite. E o Conselho de Ética vai absolvê-lo.
Por que se posicionar peremptoriamente e tão velozmente a favor do principal artífice do golpe, um jagunço que falava em corrupção diuturnamente enquanto ajudava a financiar milícias fascistas?
Que cálculo político — a decisão seria uma “armadilha do Supremo para suspender mandatos na esquerda”, afirmam alguns — justifica o desgaste?
Que sinal se queria passar? Se era o da “independência entre os poderes”, deu ruim.
Nem José Dirceu teve de seus antigos companheiros uma resposta tão grave e direta. Muito pelo contrário, aliás.
Petista histórico, corajoso, José de Abreu vocalizou a frustração generalizada fora dos círculos dos fãs incondicionais empedernidos. “Desisto. Se o PT for de novo ‘republicano’, desisto. Não estamos vivendo momentos normais”, escreveu no Twitter.
“Esse republicanismo levado ao paroxismo já nos brindou com o golpe. Lula prestes a ser condenado… desisto”.
Dilma, que andava bastante loquaz, se calou até o momento. Está de acordo? Apoia a acochambrada no sujeito que a chamou de mentirosa e irresponsável e conspirou com seu vice Michel para colocar no poder uma corriola?
O pragmatismo levado ao extremo é burro e custa caro. Eventualmente, bem mais que um mandato ou uma eleição. Custa a esperança de quem acredita numa causa. Aí é a morte.