“Prefiro a morte do que passar para a história como mentiroso ao povo brasileiro”
Lula é recebido por milhares em Curitiba após depoimento a Moro: “Tenho a vergonha na cara que eles nunca tiveram. Nesse momento em que todo mundo denuncia todo mundo, eu desafio eles a terem coragem de ir pra rua como eu tenho, e abraçar cada homem, cada mulher, cada criança. Eu tenho comigo a verdade e jamais mentiria a vocês. Prefiro a morte do que passar para a história como mentiroso”
Em discurso curto, de 17 minutos, no início da noite de hoje (13) na Praça Generoso Marques, centro de Curitiba, após seu segundo depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a desafiar seus acusadores e a força-tarefa da Operação Lava Jato a provarem que ele praticou atos ilícitos.
“Não sei quantos processos eu tenho, eu não sei se eles vão cansar. Eu não vou cansar. Se eles estão com medo que eu possa voltar a me candidatar, é bom eles terem medo, porque a gente vai consertar esse país”, disse.
“Tenho a vergonha na cara que eles nunca tiveram. Nesse momento em que todo mundo denuncia todo mundo, eu desafio eles a terem coragem de ir pra rua como eu tenho, e abraçar cada homem, cada mulher, cada criança. Eu tenho comigo a verdade e jamais mentiria a vocês. Prefiro a morte do que passar para a história como mentiroso ao povo brasileiro”, afirmou Lula.
O ex-presidente fez um pedido: “é que quem está me acusando tenha a dignidade de, em algum momento, ir para a mesma televisão que me acusa e pedir desculpa”.
Vestindo terno e gravata, com os quais prestou o depoimento, se mostrou à vontade diante da praça lotada e declarou não estar nervoso. “Ao invés de ficar nervoso, eu fico orgulhoso, porque depois de mais de dois anos investigando minha vida, gravando Marisa e eu, gravando Dilma e eu, gravando meus filhos, invadindo a nossa casa, até agora eles não encontraram uma única verdade nas acusações.”
Para Lula, seus acusadores são mentirosos. “A desgraça de quem conta uma mentira é passar o resto da vida mentindo para justificar a primeira mentira”, afirmou. “Só quero que a operação Lava Jato tenha coragem de dizer: ‘nós não temos provas contra o Lula’. Nós mentimos. E eu vou continuar minha peregrinação”, prometeu.
O ex-presidente usou a ironia para dizer que cometeu um erro imperdoável, para a elite brasileira. “Eu fiz com que o trabalhador brasileiro, durante 12 anos, tivesse aumento real de salário, e o salário mínimo aumentasse 74%. Por sonhar, muita gente já morreu e foi castigada no mundo.”
Ele terminou o discurso homenageando a militância que o acolheu na capital de Curitiba. “Se querem me cassar, me prender, se querem me condenar achando que isso vai acabar com a luta, eu considero cada um de vocês um Lulinha. Um Lula incomoda muita gente, mas milhões de Lulas incomodam muito mais”, disse.
Como Kubitschek e Getúlio
A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), declarou antes do discurso de Lula que a importância do ato era “mostrar a nossa resistência”. “Não adianta a Justiça de Curitiba. Se querem impedir Lula, tenham coragem e apresentem um candidato”, desafiou. Ela citou os ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek como dois líderes perseguidos pelos mesmos “que não têm compromisso com o Estado brasileiro, aqueles que ganham muito pelo Estado, se utilizam do Estado e fazem um discurso moralista”.
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, desafiou: “Quero perguntar ao poder judiciário do Brasil por que o presidente Lula está aqui, se não cometeu nenhum crime? A primeira premissa é que Lula é inocente. Eleição sem Lula é fraude”. Vagner afirmou que a elite quer impedir Lula de ser candidato “porque deram golpe para retirar direitos dos trabalhadores”. “Eles não fariam isso na democracia”, disse.
No depoimento que prestou ao juiz Sergio Moro, Lula terminou questionando o magistrado: “Vou terminar fazendo uma pergunta ao senhor: vou chegar em casa amanhã e vou almoçar com oito netos e uma bisneta de seis meses. Posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?” Moro respondeu que não cabia a Lula fazer tal pergunta. “Mas, de todo modo, sim”, afirmou.
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RBA