Britânica morta em travessia no Solimões tuitou sobre homens com 'rifles e flechas' em rota do tráfico. Polícia acredita que atleta foi assassinada por piratas do Amazonas. Prisões foram efetuadas e nova nota ainda fala em possibilidade de sequestro
A Polícia Civil do Amazonas confirmou, nesta terça-feira (19), que a atleta britânica Emma Kelty que desapareceu no Rio Solimões, no Amazonas, foi vítima de um latrocínio – roubo seguido de morte.
Desde o mês passado ela viajava de caiaque, em uma jornada que começou no Peru. Dois suspeitos do crime foram identificados, um deles é adolescente.
O delegado geral da instituição, Frederico Mendes, informou, por meio da assessoria, que o adolescente de 17 anos, apreendido em Codajás, a 240 Km de Manaus, suspeito de envolvimento no latrocínio, deu detalhes sobre o crime.
Outros seis indivíduos, que já foram identificados pela Polícia Civil e estão sendo procurados, também participaram do crime.
Conforme a polícia, o adolescente relatou, em Termo de Declaração, que a britânica estava acampando na Ilha do Boieiro, localizada em frente à Comunidade Lauro Sodré, em Coari, 363 Km da capital, quando foi abordada por dois infratores.
Em seguida, outros cinco indivíduos chegaram ao local, dentre eles o adolescente. A mulher teve dinheiro e pertences roubados pelo grupo. Não há informações se a mulher reagiu à ação.
O adolescente informou, ainda segundo a Polícia Civil, que a britânica foi atingida por tiros de espingarda calibre 20, com o cano serrado, e depois os infratores jogaram o corpo da mulher no Rio Solimões.
“Os sete infratores tentaram vender os objetos roubados da vítima, dentre eles dois aparelhos celulares, um tablet e uma câmera GoPro, em comunidades dos municípios de Codajás e Coari”, disse a polícia.
Os seis indivíduos já foram identificados e tiveram os mandados de prisão e de busca e apreensão representados à Justiça da Comarca de Coari.
A Marinha do Brasil e o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas continuam as buscas para tentar localizar o corpo da esportista. Os dois órgãos refizeram o trajeto percorrido por ela nas proximidades de onde o adolescente apontou que o grupo teria jogado o corpo da vítima.
Últimas mensagens
Uma mudança dramática em apenas um dia, mas o rio é assim mesmo. Cada quilômetro é diferente, e só porque uma área é ruim não significa que…”.
Esta é a última postagem, no Twitter, da atleta britânica que desapareceu no rio Solimões. Foi ao ar na madrugada de quarta-feira, 13 de setembro. A atleta usava a rede social para documentar a viagem pela região.
No dia 12, um dia antes de seu sumiço, afirmou no Twitter ter avistado de 30 a 50 homens “armados de rifles e flechas” em barcos.
A britânica foi desestimulada a seguir o trajeto sozinha. Em um tuíte no último dia 10, ela indicou que estava em terra sem dono e sem lei e ironizou o perigo da região: “Em Coari ou perto (a 100 quilômetros acima do rio) meu barco será roubado e eu serei assassinada. Legal”.
Segundo escreveu em um blog, o plano era descer o rio “sem apoio ou assistência”. A postagem foi feita em 9 de agosto, quando ela ainda estava em Iquitos, no Peru. No fim do texto, disse que estava ciente das dificuldades, mas que não tinha nenhum arrependimento.
Prisões
Além do adolescente, dois homens suspeitos de participação no assassinato da britânica já foram detidos no município de Codajás.
Atualização: Em nota divulgada conjuntamente pelas polícias civil e militar, as autoridades afirmam que ainda trabalham com a possibilidade de a atleta ter sido sequestrada por traficantes da região. Mais de 60 militares participam da operação em busca da britânica. Mergulhadores do Corpo de Bombeiros foram enviados de Manaus para o local das buscas. O local onde a esportista desapareceu é rota de tráfico de drogas.
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