Garantindo ser muito politizado, Zezé Di Camargo afirma que o Brasil nunca passou por uma ditadura. Jornalista apresentou informações sobre os anos de repressão, censura e tortura, mas o cantor sertanejo minimizou
Em entrevista à jornalista Leda Nagle, publicada nesta segunda-feira (11), o sertanejo Zezé Di Camargo deu declarações polêmicas sobre política.
O cantor, que se considera “muito politizado”, revelou que já recebeu convites para se candidatar. “Já conversei com alguns políticos, eles ficam impressionados com meus conhecimentos políticos. Mas não tenho vocação pra exercer”, explicou ele.
Zezé também falou sobre a situação atual brasileira e disse que o país nunca passou por uma ditadura.
“Eu vou falar um absurdo aqui para você, vão me criticar, jornalistas vão falar de mim, achar que sou um maluco. Você sabe que o momento em que a gente vive hoje no Brasil, o Brasil lutou muito pela democracia, mas eu fico com pena de como os nossos políticos usaram aquela liberdade que nós conquistamos, que era sair do militarismo. Muita gente confunde militarismo com ditadura, todo mundo fala ‘nós vivíamos numa ditadura’. Nós não vivíamos numa ditadura, nós vivíamos num militarismo vigiado. Ditadura é a Venezuela, Cuba com Fidel Castro, Hungria, Coreia do Norte, China, esses são realmente ditadores. O Brasil nunca chegou a ser uma ditadura daquelas que ou você está a favor ou você está morto“, declarou.
Leda lembrou que na época em que os militares tomaram o poder em 1964 (e lá permaneceram por 21 anos) houve muitas prisões, tortura e mortes.
O cantor minimizou: “Mas não chegou a ser tão sangrenta, tão violenta, como a gente vive até hoje, no mundo de hoje. Não dá pra acreditar que muita gente ainda acredita que uma ditadura vai dar certo. Mas eu acho, eu acredito, as pessoas vão me achar maluco, não quero isso jamais pro Brasil, mas eu imagino que o Brasil hoje precisaria passar por uma depuração. O Brasil até podia pensar no militarismo para reorganizar a coisa e ‘entregar’ de novo“.
Ditadura militar no Brasil
Em 31 de março de 1964, militares contrários ao governo de João Goulart (PTB) destituíram o então presidente e assumiram o poder por meio de um golpe. O governo comandado pelas Forças Armadas durou 21 anos e implantou um regime ditatorial. A ditadura restringiu o direito do voto, a participação popular e reprimiu com violência todos os movimentos de oposição.
Na economia, o governo colocou em prática um projeto desenvolvimentista que produziu resultados bastante contraditórios, já que o país ingressou numa fase de industrialização e crescimento econômico acelerados, sem beneficiar a maioria da população, em particular a classe trabalhadora.
A promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, representou o fechamento completo do sistema político e a implantação do período mais perverso da ditadura. O AI-5 restringiu drasticamente a cidadania e permitiu a ampliação da repressão policial-militar. Exílios, prisões, torturas e desaparecimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de violência repressiva imposta à sociedade.
Siglas como Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e Doi-Codi (Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações de Defesa Interna) ficaram conhecidas pela brutal repressão policial-militar. Com a censura, todas as formas de manifestações artísticas e culturais sofreram restrições.