Doria é um arremedo de prefeito
Os eleitores da maior e mais importante cidade do país escolheram um prefeito que viaja mais do que trabalha e administra através do celular.
Mailson Ramos*
O prefeito de São Paulo, João Doria, disse não ser político, mas sim gestor. Ele não e uma coisa nem outra. Se fosse gestor, não teria abandonado a cidade às moscas para viajar em pré-campanha à presidência da República; se fosse político não estaria criando tantos atritos dentro do partido (PSDB) já esfacelado pela crise de representatividade.
A sua equipe de comunicação criou a narrativa do prefeito dinâmico ou o “João trabalhador”, aquele que em vez de despachar no gabinete, executar medidas, sancionar leis municipais, dialogar com as entidades civis, foi se travestir de trabalhador humilde para movimentar as redes sociais.
João Doria não é o novo. É o velho político nascido da oligarquia empresarial que se transmuta, pela propaganda, em símbolo popular; Doria não sobrevive fora das redes, senão com o apoio de empresários e a ancoragem de políticos afinados com o seu discurso de vazio. Quando criticado, vocifera feito um cão raivoso. Vai às redes, faz papéis esdrúxulos, se comporta como um menino mimado criticado por um colega na escola.
O vídeo publicado por Alberto Goldmann, um dos caciques do PSDB, desmascara, em certo ponto, o ilusionismo criado por Doria para manipular os incautos paulistanos ainda crentes de que ele fará alguma coisa pela cidade. O ex-governador foi taxativo ao dizer que São Paulo ainda não tem prefeito e possivelmente não terá.
Arthur Virgílio, prefeito de Manaus e colega de partido, disse que Doria não tem legitimidade e nem preparo para ser presidente da República e que foi ao Círio de Nazaré, em Belém, para “fazer show”. O resultado da última pesquisa Datafolha mostra que a aprovação a Doria despencou nove pontos percentuais e 58% dos paulistanos não querem que ele se candidate à presidência.
Leia aqui todos os textos de Mailson Ramos
João Doria é um arremedo de prefeito. Uma mistura nada original de político com gestor. Surfou na onda da crise de representatividade e agora não sabe como esconder a sua ânsia por poder. Quer ser presidente sem mesmo ter sido prefeito. Quer ser popular quando representa tão somente os interesses de uma elite econômica.
O projeto – vazio em medidas e discursos – que representa não tem eco na sociedade. Doria parece ter sido desmascarado antes do tempo previsto; porque não se pode enganar a todos o tempo inteiro. A imagem criada nas redes sociais vai derreter como cera quente. E num curto espaço de tempo, São Paulo será o destino final para o seu prefeito viajante.
Daqui até lá circo e show midiático nas redes sociais.
*Mailson Ramos é escritor, profissional de Relações Públicas e autor do blog Nossa Política. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político.