Repórter da Folha é demitido após fazer perguntas 'inconvenientes' a Danilo Gentili
"Danilo Gentili me esmagou como uma barata, só porque ele pode, só porque eu ousei o desafiar", diz repórter Diego Bargas após ser demitido da Folha. Jornalistas repudiam a demissão e afirmam que decisão demonstra o descompromisso do jornal com a liberdade de imprensa
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram nota repudiando a demissão do jornalista Diego Bargas, do jornal Folha de S.Paulo, perseguido pelo apresentador Danilo Gentili.
Bargas publicou na última sexta-feira (13) a reportagem “Comédia juvenil ri de bullying e pedofilia“, a respeito de filme concebido e estrelado por Gentili.
O repórter foi demitido depois de o “humorista“, em rede social, incitar o ódio e estimular seguidores a persegui-lo.
De acordo com as entidades, o caso é uma “grave perseguição e intimidação a jornalistas“.
“O texto de Bargas é uma reportagem correta, que analisa o filme e reproduz pontos de vista de Gentili e do diretor Fabrício Bittar expressos em entrevista ao jornalista. Gentili, porém, decide massacrar o jornalista em rede social, mostrando sua intolerância à atividade jornalística, e manipular o episódio para tentar melhorar o resultado comercial de seu produto“, diz a nota.
O apresentador acusou Diego Bargas de ser militante do PT, utilizando postagens antigas do repórter elogiando Dilma, Lula e Fernando Haddad. A Folha afirma que o jornalista foi desligado por “ter desrespeitado orientação reiterada sobre comportamento nas redes sociais“.
“Danilo Gentili me esmagou como uma barata, só porque ele pode, só porque eu ousei o desafiar“, escreveu Bargas, nas redes sociais.
Para as entidades jornalísticas, a Folha “demonstrou não ter o mínimo compromisso com princípios como a liberdade de imprensa e com a pluralidade, dos quais a empresa se reclama em suas campanhas de marketing“.