Brasileira e alemã atacadas em praia deserta na Austrália falam pela primeira vez
Duas mochileiras (uma brasileira e uma alemã) atacadas numa praia deserta do sul da Austrália foram à público contar pela primeira vez os detalhes do episódio que quase lhes custou a vida
Duas mochileiras atacadas por um homem numa praia deserta do sul da Austrália contaram pela primeira vez sua história aterrorizante.
Lena Rabente, da Alemanha, e Beatriz, do Brasil, tinham 23 anos quando se conheceram em Adelaide, em fevereiro de 2016, e decidiram viajar juntas pela Great Ocean Road.
As duas amigas aceitaram uma carona de Roman Heinze, então com 59 anos. Ele viu o anúncio da dupla no site Gumtree, mas, duas horas depois de sair de Adelaide, ele as levou para dunas isoladas no Parque Nacional Coorong.
Rabente e Beatriz contaram ao programa 60 Minutes, do Channel Nine, como um trecho deserto da praia conhecido como Salt Creek repentinamente tornou-se palco de uma luta por suas vidas.
Two backpackers subjected to a horrifying attack on a SA beach have recounted their ordeal in an EXCLUSIVE interview with @60Mins. #9News pic.twitter.com/JASPrma7hO
— Nine News Australia (@9NewsAUS) 8 de outubro de 2017
Duas mochileiras atacadas numa praia do sul da Austrália contaram seu drama em entrevista exclusiva
Beatriz e Rabente ficaram separadas na praia quando Heinze chamou a brasileira para ver cangurus. Quando os dois estavam longe o bastante de onde tinham montado as barracas, ele puxou uma faca, a amarrou e a atacou sexualmente.
“Achei que estava num filme de terror“, disse Beatriz à repórter Tara Brown, do 60 Minutes.
Pensando rápido, Beatriz convenceu Heinze de que estava “do lado dele”, em vez de tentar resistir. Assim, ela conseguiu gritar por ajuda. Milagrosamente, Rabente a ouviu, apesar do barulho do vento e do mar.
Rabente estava tentando ligar para pedir ajuda quando Heinze a atingiu na cabeça com um martelo. Apesar dos vários golpes sofridos na briga com Heinze, ela conseguiu ficar em pé, soltar Beatriz e fugir pelas dunas.
“Não tinha visto o que ele tinha usado para me agredir, mas pensei ‘É o fim’, porque o golpe foi tão duro”, disse Rabente.
“Pensei: ‘Vou morrer’. Tinha certeza. Tipo, já estava me imaginando morrendo ali e não queria desistir no final”.
Heinze entrou em seu carro e continuou perseguindo Rabente pelas dunas, atingindo a alemã e a derrubando pelo menos quatro vezes. Finalmente, Rabente conseguiu subir no capô e chegar ao teto do carro.
Beatriz, que tinha corrido em outra direção, encontrou um carro passando e pediu ajuda.
Ainda nua, Beatriz diz que correu desesperada em direção ao carro. “Quando entrei e comecei a gritar, eles viram que era sério”, disse ela. Os pescadores que estavam no carro chamaram a polícia.
A brasileira se recusou a ser levada para o hospital enquanto Rabente não fosse encontrada, e ela e os pescadores saíram em busca da alemã.
Enquanto isso, Rabente tinha convencido Heinze a largar suas armas antes de descer do teto do carro. Logo depois, ela viu o carro dos pescadores se aproximando e correu na direção deles.
Os pescadores afirmaram que Rabente estava coberta de tanto sangue que a princípio eles não foram capazes de determinar se ela era home ou mulher.
Desde o incidente, Beatriz diz que todos os dias têm sido difíceis, por causa das cicatrizes psicológicas do ataque.
“Prefiro não estar na rua depois do por-do-sol, porque não me sinto à vontade. Se vejo alguém na rua, não me sinto mais segura e começo a achar que alguém pode estar me seguindo”, disse ela ao 60 Minutes.
Em maio deste ano, Heinze foi condenado a 22 anos de prisão por seis crimes, incluindo ataque indecente e sequestro. Heinze está recorrendo da sentença.
Alana Calvert, HuffPost