Ao tentar amenizar a barra de William Waack, Luiz Felipe Pondé não diz nada com nada. O filósofo tenta misturar tudo numa coisa só para fantasiar suas más intenções na defesa de um sujeito que, se não é racista, falou algo típico de quem é
Wagner Francesco, Justificando
Luiz Felipe Pondé, conhecido digital influencer em nossa terra tupiniquim, escreveu no Jornal Folha de São Paulo um artigo onde ele pergunta: “Por que linchar ladrões é injusto, mas é ‘progressista’ linchar Waack?”
Ora, é como perguntar: “por que a goiaba que dá no pé de manga não é tão doce quanto a maça que dá no pé de uva?”.
O Pondé quer misturar tudo numa coisa só para fantasiar suas más intenções na defesa de um sujeito que, se não é racista, falou algo típico de quem é.
Por que linchar ladrões é injusto? Importante: mas do que injusto, é crime. O nosso ordenamento jurídico proíbe o exercício arbitrários das próprias razões. Está lá, previsto no artigo 345 do Código Penal:
“Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.”
O que se deve fazer “com ladrões”? Denunciar e esperar o poder público agir.
Porém, outra coisa é importante: linchamento pressupõe violência física. E mais uma vez: é por isso que o linchamento não é só injusto, mas crime. Por causa de um furto, querem que o acusado pague com “uma tira do corpo” – com sangue e tudo, sem valer o argumento que prevaleceu no filme “O auto da compadecida”.
Não! Não se deve linchar ladrões. Também não se deve linchar o Waack. Mas quem o linchou? Ele foi exposto pelo que, claramente, disse. Assim como “ladrões”, o Waack foi denunciado. E só. E afastado do trabalho. Coerente o afastamento, não é?
Como uma emissora que num dia nos disse que era “toda Maju”, de repente se tornaria “toda Waack”? Não dá.
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Mas o Pondé, em seu artigo, não cansou de nos cansar com sua pseudo intelectualidade – mascarada sobretudo em seus vídeos, fumando, com cara de personagem do século 19, um charuto (que coisa “old!”) – quando, para defender o Waack, disse:
“O politicamente correto destruiu qualquer possibilidade de reflexão minimamente honesta sobre virtudes na vida pública contemporânea. Essa discussão está morta.”
Para o Pondé, a frase racista do Waack deve ser vista como uma reflexão minimamente honesta – mas, ele acusa, o politicamente honesto destruiu essa possibilidade de reflexão.
Na minha opinião, o que o Waack falou pode até ser minimamente honesto, mas não é nenhuma reflexão – no sentido estrito do termo. Quem reflete não fala o que ele falou – e tanto não refletiu que pediu desculpas.
Não vi ninguém desejando a morte do Waack, ou ameaçando sua integridade física, ou dizendo que ele disse uma coisa que não disse. Não há que se falar em “linchamento virtual” – muito embora este exista e o Pondé saiba fazer muito bem.
O problema é que o Pondé, em sua enfadonha luta contra o politicamente correto, cria um politicamente correto à sua moda: ele quer que todos falem o que quiserem, mas que não sejam obrigados a ouvir o que não querem. Criou a patrulha contra os que denunciam as falas dos outros.
Expor o racismo não é linchamento. E racismo não é opinião, é burrice – como dizia Gabriel, o Pensador.
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