Racismo não

“Meu filho perdeu o ENEM porque é preto”, desabafa mãe

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Jovem negro que faria a prova do Enem em bairro nobre não conseguiu chegar a tempo após ser abordado, agredido e humilhado por policiais. Indignada, mãe denunciou o episódio. Um outro caso envolvendo meninos transgêneros também chamou atenção

Uma das ruas do bairro de Pituba (esq), em Salvador

No último domingo (5), primeiro dia de prova do Enem 2017 (Exame Nacional do Ensino Médio), pelo menos 30,2% dos candidatos inscritos perderam o exame, segundo informações do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

No total, 6,7 milhões de candidatos se inscreveram para o Enem 2017. Desses, pouco mais de 1,8 milhão não apareceram para fazer as provas. De acordo com o Inep, a abstenção ficou dentro da média histórica.

Os inscritos tiveram pela frente no primeiro dia a redação e outras 90 questões de linguagens e ciências humanas. No próximo domingo (12), será a vez de 45 perguntas de ciências da natureza e outras 45 de matemática.

Como este site já mostrou durante a semana, muitos estudantes inscritos perderam a prova e chegaram até a ser alvo do deboche de grupos que se lambuzaram com a desgraça alheia.

Uma denúncia de uma mãe de transgêneros repercutiu nas redes sociais. “Antes de fazer a prova, meu filho recebeu ataques na internet e foi ao local de prova chorando. Na hora, fiquei mole, igual gelatina. Mas eu sempre o apoiarei e ele sabe disso”, disse Sandra, cujos filhos têm 18 anos e são gêmeos.

“Eles estudaram, se prepararam muito e, no dia da prova, além do estresse pelo nome e pelo banheiro ainda tiveram que lidar com deboche e hostilidade das pessoas. A transfobia existe e meu filho foi vítima disso”, continuou.

Em salvador, uma outra mãe publicou um desabafo que também chamou atenção. Em uma rede social, Daise Oliveira apontou o preconceito racial como a razão pela perda da prova de seu filho (print abaixo).

“Indignada! Hoje, meu filho de 19 anos chegou em casa chorando porque perdeu a prova do ENEM. Mas sabe por que? Porque é preto e mora na periferia”, desabafa Daise.

A mãe conta que o Colégio Serravalle, local de prova do seu filho, que é negro, está situado em Pituba, um bairro nobre da capital baiana. O garoto foi abordado por policiais nas proximidades da escola e os agentes falaram que ele “não deveria estar naquela localidade”.

“Meu filho teve seus pertences jogados no chão, levou tapa na cara e um fuzil apontado para o seu peito. Tudo isso porque é preto e não pode andar em uma via pública”, lamentou a mãe, para quem os policiais tiraram o sonho de seu filho de ingressar em uma faculdade.

O desabafo de Daise Oliveira nas redes sociais