Mulheres violadas

Morte de Kelly Cristina ainda é cercada de perguntas sem respostas

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Investigação sobre jovem morta após combinar carona no WhatsApp ainda está repleta de lacunas. Pelo menos quatro perguntas continuam sem reposta definitiva e têm provocado angústia à família de Kelly Cristina

Jonathan, 33, assumiu que matou Kelly. O assassino nega, porém, que tenha estuprado a vítima

A Polícia Civil de Minas Gerais informou, na última segunda-feira, ter identificado mais uma pessoa envolvida na morte de Kelly Cadamuro, de 22 anos, assassinada no início deste mês ao dar carona via aplicativo de celular.

Trata-se de um homem de São José do Rio Preto (SP), que ficaria com o carro da jovem – o que não ocorreu porque o assassino Jonathan Pereira do Prado, de 33 anos, que está preso, não conseguiu entregar o veículo, um Fox, ao comprador.

A novidade no caso foi revelada após familiares de Kelly questionarem a polícia por ter anunciado que o inquérito havia sido encerrado na última sexta.

Parentes da jovem chegaram a anunciar que contratariam um perito para analisar imagens de um pedágio por onde ela passou antes de ser morta porque suspeitavam que uma terceira pessoa estivesse dentro do carro, além dela e do assassino.

A alegação dos delegados é que o anúncio do encerramento das investigações teria sido uma estratégia para não chamar a atenção. E que a quebra do sigilo telefônico da vítima, uma reivindicação dos parentes, já havia sido requisitada à Justiça.

Segundo a nova versão, o assassino ia entregar o carro quando soube, também via aplicativo de celular, que ele já constava como roubado e por isso decidiu abandoná-lo. Ele ficou apenas com o som e as rodas, que foram vendidas para duas pessoas que já tinham sido identificadas. A polícia agora busca esse suposto comprador.

Outra novidade descoberta com a quebra do sigilo foi que o assassino tentou pegar carona com outras mulheres para fugir, após matar a jovem. Ele, porém, não conseguiu porque elas teriam se recusado a buscá-lo. As mulheres foram ouvidas pela delegacia nessa segunda-feira.

Segundo as investigações, o homem matou a jovem por estrangulamento no caminho entre São José do Rio Preto (SP) e Itapagipe (MG). Ele viajava com ela porque conseguiu carona por meio de um grupo de WhastApp. A jovem havia saído do interior paulista para encontrar o namorado em Minas Gerais.

Perguntas sem resposta

Apesar das novidades apresentadas pela Polícia, a família de Kelly segue insatisfeita com o fim do inquérito e considera que há lacunas que precisam ser preenchidas na investigação.

Os familiares exigem que o inquérito policial seja refeito, para que a prova contra o criminoso confesso seja mais consistente e que ele tenha uma pena de prisão maior.

O portal UOL informou ter apurado junto aos parentes de Kelly algumas perguntas que ainda estão com respostas pendentes. Confira abaixo:

— O telefone de Kelly pode ter sido usado pelo criminoso para falar com um comparsa?

Segundo os familiares, a polícia pediu a quebra do sigilo telefônico da vitima, mas o resultado desse pedido não foi divulgado nem foi incluído no inquérito policial. Em tese, esse detalhe poderia apontar para o eventual envolvimento de mais pessoas no crime e, talvez, fornecer mais evidências sobre o que motivou o criminoso.

— Havia um capacete no local do assassinato, o que pode sugerir a participação de outras pessoas. Ao todo, quantos suspeitos se envolveram com o crime?

O capacete pode sugerir que Prado teve a colaboração de algum outro criminoso em uma moto. Mas também pode ter sido levado pelo próprio suspeito. Para a família, é importante que todos os envolvidos sejam identificados e presos pelo crime.

Até agora, além de Prado, a polícia identificou ao menos outros dois suspeitos. A participação deles seria comprar o carro e pertences roubados de Kelly. Porém, até agora a polícia não disse nada sobre a possibilidade de mais suspeitos terem estado na beira de um rio onde o corpo de Kelly foi encontrado.

— Houve ou não conjunção carnal?

O criminoso confesso diz que não estuprou Kelly, mas o fato do corpo dela ter sido encontrado sem calças pode apontar um abuso sexual. O laudo dos peritos, no entanto, só trará a resposta em 70 dias. Se ele der positivo, pode derrubar a versão do suspeito de que a motivação do assassinato foi cometer um roubo.

— Os caixas de um pedágio e os funcionários de um posto de gasolina, pelos quais Kelly e Prado passaram, podem ter percebido fatos ainda não analisados pela polícia?

Oficialmente não é possível saber, porque os depoimentos deles não foram tomados ainda pela polícia. Segundo a família, esses depoimentos seriam importantes para demonstrar se o criminoso agiu, ao menos em parte do crime, sozinho e se as testemunhas não perceberam que algo estava errado.

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