Cristovam Buarque adia licença de 121 dias após seu suplente ser denunciado por sexo com adolescente
Fábio Góis, Congresso em Foco
Dizendo-se disposto em concorrer à sucessão presidencial do próximo ano, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) havia pedido de licença de 121 dias para se dedicar às pretensões eleitorais. Com o afastamento temporário, seu primeiro-suplente, Wilmar Lacerda (PT), deveria assumir uma das três vagas do Distrito Federal no Senado. Mas, depois que Wilmar foi acusado de exploração sexual por uma adolescente de 17 anos, o presidenciável decidiu adiar seus planos “até que sejam esclarecidas quaisquer denúncias envolvendo o nome de Wilmar” (veja nota abaixo).
Em um primeiro momento, o ex-governador do Distrito Federal se esquivou de responder se poderia rever a licença. Classificando o caso como “uma acusação gravíssima”, o senador também não quis dizer a que cargo concorreria – algo agora esclarecido com a nota abaixo. “Não quero pensar nessa possibilidade agora. Recebi a notícia e foi um baque muito grande”, tergiversou.
Segundo o regimento interno do Senado, o titular do mandato que se licenciar por mais de 120 dias abre a oportunidade de posse do suplente (artigo 42, inciso II). Os quatro meses em questão são o período máximo de licença permitido para que o senador se afaste da Casa por motivos particulares.
No caso de Cristovam, uma licença por motivos de saúde se impôs para que ele pudesse abrir espaço para o suplente: segundo o artigo 45 do regimento interno, o substituto só pode tomar posse se a licença do titular superar 120 dias – ou seja, um mera licença de um dia, assegurado com atestado médico, já é suficiente. Mas há limites para afastamentos sem justificativa: segundo o artigo 55, inciso III, da Constituição, fica passível de perder o mandato o parlamentar que se ausentar de 1/3 das sessões ordinárias em cada sessão legislativa.
“Relação afetiva”
Com o assunto no noticiário, Wilmar apressou-se em se defender e afirmou que as relações sexuais que mantinha com a adolescente era um “relacionamento normal”. Mas a moça, moradora de Planaltina (entorno do DF), disse ter sido aliciada por uma mulher conhecida como Rebeca, responsável por agenciar encontros de jovens bonitas da região com homens ricos do Distrito Federal. A ocorrência foi registrada em 17 de outubro na 31ª delegacia de Planaltina.
Em seu depoimento, a jovem afirmou ter se encontrado com o político pelo menos cinco vezes e, apesar da promessa de Rebeca de que receberia altos valores, ele sempre se recusou a dar dinheiro à jovem e pagava apenas as refeições que fazia com a garota. Ainda segundo o depoimento, Wilmar se recusava a usar preservativos.
Também por meio de nota, o suplente afirmou que manteve uma “relação afetiva” com a adolescente no fim do ano passado, quando estava separado da esposa. Disse ainda que “o relacionamento não ocorria às escondidas ou por meio de pagamento de qualquer espécie”, e que a relação com a jovem “não foi ilegal”, pois a mãe dela teria conhecimento dos encontros.
Os “lanches” a que a garota se referiu em seu depoimento eram “refeições que fazíamos em locais públicos, como restaurantes e shopping”, acrescenta o petista. Ainda segundo Wilmar, é “estranho” que o registro tenha sido feito pouco tempo antes de assumir a cadeira de Cristovam no Senado.
Leia a nota de Cristovam:
Após conversar com o suplente Wilmar Lacerda (PT-DF), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) decidiu adiar o início da licença do seu mandato, até que sejam esclarecidas quaisquer denúncias envolvendo o nome de Wilmar. Cristovam Buarque reafirma sua disposição em disputar a indicação do seu partido para concorrer à presidência da República.
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